sábado, 13 de fevereiro de 2016

Episódio 6: The Five

A chegada de Mercedes mexe com a família, que cria uma mini empresa de quentinhas.
Participação especial: Arlete Salles como Mercedes
Escrito por: VITOR ABOU

THE FIVE
Episódio 01x06 – A LA MARINHO

CENA 01. STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Música: Essa mina é louca – Anitta
Visão panorâmica.Favela da Rocinha, com várias pessoas transitando pelas estreitas ruas. Close final na fachada da pequena casa dos Marinhos.
Música cessa
Corta para:
CENA 02. CASA DOS MARINHOS. DIA. INT. SALA
Continuação da cena 09 do episódio 05.
Mercedes entra na casa.
Mercedes -Que muquifo isso, hein? Não sabia que vocês estavam nesse estado. Achei que a pindaíba não era tão preocupante.
Dilma    -O que veio fazer aqui, sogrinha?
Mercedes - Precisarei passar uns dias aqui com vocês.
Dilma    - Aqui? Por quê?
Giovana  -É, você acabou de criticar nossa casa.
Mercedes - É questão de necessidade extrema. Depois explico para vocês.
Dilma    -Eu fiz um bolinho. Quer, sogrinha?
Giovana  - Eu que fiz! É só pra amanhã.
Mercedes -Aí mesmo que não quero. Mas por que é só pra amanhã?
Ana Júlia - Esqueceu que amanhã é o aniversário dele?
Mercedes - Ih, nem lembrava mais. É tanto aniversário dos meus antigos namorados que confundo.
Fabíola  - Que horrível!

Mercedes -Cadê meu filhote?
Ana Júlia -Ele disse que ia pra uma entrevista de emprego. Tomara que ao invés de emprego não apareça outra mulher.
Mercedes - Pelo menos alguém interessado em trabalhar nessa casa.
Fabíola  -E você, sogra?
Mercedes -Trabalhar é algo que eu gosto... Longe de mim.
Dilma    -E ainda reclama da gente!
Mercedes -Reclamo mesmo, porque pelo menos eu não sou interesseira. Uma coisa: não eram cinco esposas?
Fabíola  - Sim, mas a Jéssica traiu o Lúcio e caiu fora.
Jéssica e Lúcio entram pela porta, aos risos.
Mercedes - Filhote!
Lúcio    - Mamãe? O que tá fazendo aqui?
Mercedes -Vim passar uns dias.
Dilma    - O que essa traíra tá fazendo aqui, Lúcio?
Jéssica  - Olha elaaaaa! Tô de volta!
Fabíola  - Ela te traiu e voltou, Lúcio? Que doideira é essa?
Lúcio    - Ela pediu desculpas, e me convenceu.
Jéssica  - O pituquinho confia em mim, já em vocês...
Lúcio    - Por favor, Jéssica...
Ana Júlia - Já acabou, Jéssica?
Jéssica  - Já sim.
Mercedes - Meu Deus! Não dá nem pra falar aqui nessa casa! Cruz credo!
Lúcio    - Explica por que você veio, mamãe.
Mercedes - Eu fui despejada do meu apartamento. Aquela sua mesada acabou também, meu filho, então tô dura!
Jéssica (rindo ironicamente) - Isso que é exemplo!
Mercedes - Fica quieta!
Jéssica  -Quer a minha boca calada? Então vem calar, maracujá de gaveta!
Mercedes - Maracujá é você, mas agora tá toda plastificada. Parece roupa de piriguete, toda esticada.
Lúcio    -Vamos parar?!
Dilma    -Vamos comer alguma coisa?
Fabíola - Não tem nada pra comer nessa casa.
Lúcio    - Tem aquele frango assado. Vou requentar.
Ana Júlia -Rererequentar, né? Esse frango já tá rodando aqui há uns três dias.
Dilma    - Melhor isso do que nada.
Mercedes - Eu prefiro nada.
Lúcio vai à cozinha, pega o frango, em uma travessa, e volta com ele.
Fabíola  -A coxa é minha!
Dilma    -Também quero.
Jéssica  - Só tem uma.
Lúcio    -(pega a coxa do frango e come) Problema resolvido!
Fabíola  -Que egoísmo, Lucinho!
Jéssica  - Ah, pituquinho...
Mercedes - Lúcio, meu filhote,como você aguenta conviver com essas cinco loucas?
Ana Júlia - Ele gosta da gente, Matusalém.
Mercedes -Aff, essas semanas aqui serão bem difíceis.
Dilma    - Semanas? Não eram uns dias?
Mercedes - Dá na mesma coisa.
Fabíola  - Ah, não dá não. Entre olhar pra sua cara enrugada por uns dias e umas semanas, não preciso nem dizer qual é o menos pior.
Jéssica (rindo)    - Concordo!
Lúcio    -Peguem mais frango! Tá sobrando!
Jéssica  - Claro. Há mais de uma semana aqui...
As esposas pegam seus pedaços do frango, em pratinhos. Mercedes fica parada, em sua poltrona.
Giovana  - Não vai comer não, sogrona?
Mercedes - Pra pegar uma diarréia com esse frango velho? Não, obrigada, dispenso.
Fabíola  - Ah, não exagera.
Jéssica  -Vai acabar ficando desnutrida, maracujá. E velho com isso é horrível.
Dilma    - Deixem a sogrinha quieta.
Fabíola  -Para de ser falsiane, Dilma, por favor. Você realmente tem muita coisa parecida com a sua xará.
Giovana  - Dilma às vezes é mais falsa que uma nota de cinco reais.
Todos riem.
Dilma    - Nem pra fazer uma piadinha você usa o cérebro, Giovana.
Mercedes - Ah, vai ser pior do que eu imaginava, muito pior.
Ana Júlia - Lúcio, a sua entrevista então era com a Jéssica?
Jéssica  - Só chegou a essa conclusão agora, Ana Júlia?
Ana Júlia - Não.
Jéssica - Até parece.
Lúcio    - Meus amores, a gente precisa arrumar um ganha pão.
Giovana  - Pão? Tem lá na padaria do Sidcley.
Mercedes - Isso é nome ou castigo?
Dilma (rindo) - Os dois.
Lúcio    - Ganha pão é um emprego, uma forma de ganharmos dinheiro.
Giovana  - Ah, tá. Entendi.
Dilma    - Finalmente, né?
Lúcio    -Podemos vender/
Fabíola (corta)    - O corpo da Giovana? Ela é a mais nova.
Dilma    - Quem ia querer isso?
Lúcio    - Não pirem. Nada de corpo! Podemos vender/
Ana Júlia - Drogas não, pelo amor de Deus, não quero me meter com o crime.
Dilma    - De novo, né? Seu passado te condena, Ana Júlia.
Ana Júlia - Como se o seu fosse uma maravilha.
Lúcio    - Não me interrompam agora. É a última vez que eu falo. Podemos fazer uma empresa de quentinhas.
Jéssica  -Que decadência hein?!
Dilma    -Se quiser sair, pode ir, Jéssica. Tô de saco cheio de você hoje.
Lúcio    -Todas terão que ajudar nas quentinhas. Ana Júlia, Fabíola e Giovana ficarão na cozinha. Mamãe, a senhora irá fazer as entregas com a Dilma. E Jéssica vai montar as quentinhas.
Todas    -E você?
Lúcio    -Eu fico na parte administrativa.
Dilma    -Para de caô, Lúcio.
Lúcio    -Então eu fico atendendo as encomendas pelo telefone.
Mercedes -Eu vou ter que trabalhar? Tô fora!
Fabíola  -Todo mundo tem que trabalhar!
Dilma    -Fica tranquila, sogrinha. Vamos trabalhar juntas!
Mercedes -O que eu fiz pra merecer isso, Senhor?
Ana Júlia - Torrou a sua grana.
Lúcio    -Vamos trabalhar, meus amores?! Vou sair na rua pra divulgar as quentinhas. Enquanto isso, vocês vão cozinhando.
Ana Júlia -O que? Esse resto de frango velho?
Lúcio    - Tem um pacote de arroz cheio no armário.
Fabíola  - O cardápio vai ser arroz e resto de frango?
Lúcio    - Não, um risoto a la Marinho.
Dilma    - Que sem graça. Quem vai querer comprar isso?
Lúcio    - Muita gente. Coloquem essas azeitonas e mais alguma coisa pra render.
Fabíola - A azeitona tá vencida.
Lúcio    - Não tem importância.
Jéssica  - Eu vou com você, pituquinho.
Dilma    - Ah, não vai não. Vocês vão acabar indo pra um motel pra se agarrarem. Fica quieta, sua traíra.
Lúcio    - Eu irei sozinho.
Giovana  - O que eu vou fazer? Não entendi nada.
Ana Júlia - Vai ficar na cozinha comigo... se é que você, com essa altura, vai conseguir alcançar ao menos o botijão de gás.
Giovana  - Não me provoca, sua antipática. Se me atacar, eu vou atacar!
Jéssica  -Pergunta: onde vamos colocar a comida? Na mão de quem comprar?
Lúcio    - Compra uns potinhos descartáveis aqui na loja da dona Carmélia.
Dilma    - Com que dinheiro?
Lúcio    - Compra fiado que depois eu pago.
Jéssica  - Tá, bom, pituquinho.
Lúcio    - Vamos começar, amores! Até daqui a pouco.
Lúcio sai.
Corta para:
CENA 03. ROCINHA. DIA. EXT.
Lúcio anda pelas ruas da favela. Ele se aproxima de uma obra, com vários pedreiros e um engenheiro.
Lúcio (gritando)   - Quentinhas dos Marinho! Gostosas e fresquinhas! Hoje tem!
Pedreiro - O que tem pra hoje?
Lúcio    - Risoto a la Marinho.
Pedreiro - É bom isso? Nome chique.
Lúcio    - É ótimo. É um prato tradicional francês. Até a Rainha Elizabeth já provou.
Engenheiro    - Rainha Elizabeth não é da Inglaterra?
Lúcio    - Ah, deve ser, mas ela já provou, e gostou.
Engenheiro    -Então queremos 6 dessas quentinhas, e capriche, porque estamos com fome.
Lúcio    -Pode deixar.
Engenheiro    -Quanto é?
Lúcio    -Vinte e cinco reais, mas precisa dar dez de adiantamento por cada uma.
O engenheiro tira algumas notas de dinheiro do bolso, conta e entrega a Lúcio.
Engenheiro    -Aqui está!
Lúcio    - Daqui a pouco vão trazer suas quentinhas.
Engenheiro    - Tá bom.
Lúcio coloca o dinheiro em seu bolso e caminha em direção a sua casa.
Corta para:
CENA 04. CASA DOS MARINHOS. DIA. INT. COZINHA.
Fabíola, Ana Júlia e Giovana estão na cozinha. Elas preparam o risoto.
Fabíola  - Espero que fique bom esse risoto.
Ana Júlia - Também espero.
Jéssica entra na cozinha, com uma sacola.
Jéssica  - Pronto! Comprei os potes. Dona Carmélia tá toda chata, quase não me vendeu fiado.
Ana Júlia – Aquela velha é uma mala.
Jéssica vê o bolo para o aniversário de Lúcio.
Jéssica  - Quem fez esse bolo? É pra agora? Tô morrendo de fome! Aquele frango não sustenta ninguém.
Giovana  - Eu que fiz. É pro aniversário do Lucinho, amanhã.
Jéssica  -Aniversário dele? Tinha esquecido já.
Fabíola  -A gente tinha combinado de eu comprar uns refris, a Dilma fazia uns salgados e a Giovana fez o bolo.
Jéssica  -Com o dinheiro das quentinhas a gente bem que podia comprar um presentinho pro pituquinho, né?
Fabíola  -Boa ideia.
Corta para:
CENA 05. CASA DOS MARINHOS. DIA. INT. SALA.
Dilma está sentada no sofá ao lado de Mercedes.
Dilma    - E aí, sogrinha? Animada pra trabalhar?
Mercedes (irônica) - Ah, claro.
Lúcio entra.
Lúcio    -Vamos trabalhar?! Já tenho seis quentinhas encomendadas.
Dilma    -Vamos pra parte que me interessa: quanto que é cada uma?
Lúcio    - Quinze reais.
Dilma    - Que mixaria.
Lúcio    -Se a gente cobrar muito, não vão querer pagar.
Mercedes -Verdade, filhote.
Lúcio sai da sala e vai à cozinha.
Corta para:
CENA 06. CASA DOS MARINHOS. DIA. INT. COZINHA.
Lúcio entra na cozinha.
Lúcio    -Já temos seis quentinhas encomendadas! Vamos agilizar!
Fabíola  -O risoto já tá pronto! Agora só falta a Jéssica colocar nos potinhos. Ela tá demorando horas.
Jéssica -Já estou acabando!
A imagem acelera um pouco. Jéssica monta as quentinhas com o risoto.
Jéssica  -Pronto! Acabei!
Lúcio (pegando as quentinhas)    -Ótimo.
Lúcio sai da cozinha, com as quentinhas.
Corta para:
CENA 07. CASA DOS MARINHOS. DIA. INT. SALA.
Lúcio chega à sala, com as seis quentinhas na mão. Ele as entrega para Dilma.
Dilma    -Onde que temos que entregar isso, Lucinho?
Lúcio    -Pros pedreiros daquela obra do lado da padaria do Sidcley.
Dilma    - Tudo bem. Vamos, sogrinha?
Mercedes - Se eu fui destinada a isso, vamos!
Lúcio    - Não se esqueçam de pegar o dinheiro: quinze reais é o preço de cada uma.
Dilma    - Pode deixar. Até mais, amor.
Dilma e Mercedes saem, carregando as quentinhas.
Corta para:
CENA 08. ROCINHA. DIA. EXT.
Mercedes e Dilma caminham pelas ruas da favela com as quentinhas na mão.
Dilma    - Sogrinha, o Lúcio cobrou quinze reais por cada quentinha. Por que a gente não cobra mais? Acho vinte e cinco um número ótimo, aí esses dez reais a gente divide entre a gente.
Mercedes -Goxto assim. E se os pedreiros falarem que o Lucinho cobrou quinze?
Dilma    - A gente fala que tem a taxa de entrega.
Mercedes -Ótimo, Dilma.
Dilma    - Assim, só com essa entrega, cada uma ganha trinta reais.
Elas se aproximam do canteiro de obras.
Dilma    - Vocês que pediram as quentinhas?
Pedreiro - Sim.
Dilma (entregando as quentinhas) - Aqui estão. Cada uma é vinte e cinco reais. O total é cento e cinquenta.
Engenheiro    -Opa, mas aquele homem já pegou dez reais de adiantamento por cada quentinha.
Dilma    - Como assim?
Close final no rosto de Dilma e Mercedes, irritadas com o golpe de Lúcio.


FIM

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