“A chegada
de Mercedes mexe com a família, que cria uma mini empresa de quentinhas.”
Participação especial: Arlete Salles como
Mercedes
Escrito por: VITOR ABOU
THE FIVE
Episódio 01x06 – A LA MARINHO
CENA 01.
STOCK-SHOTS. RIO DE JANEIRO. EXT. DIA.
Música: Essa mina é louca – Anitta
Visão panorâmica.Favela da Rocinha, com várias
pessoas transitando pelas estreitas ruas. Close final na fachada da pequena
casa dos Marinhos.
Música
cessa
Corta para:
CENA 02. CASA DOS MARINHOS. DIA.
INT. SALA
Continuação
da cena 09 do episódio 05.
Mercedes
entra na casa.
Mercedes -Que muquifo isso, hein?
Não sabia que vocês estavam nesse estado. Achei que a pindaíba não era tão
preocupante.
Dilma -O que veio fazer aqui,
sogrinha?
Mercedes - Precisarei passar uns
dias aqui com vocês.
Dilma - Aqui? Por quê?
Giovana -É, você acabou de criticar
nossa casa.
Mercedes - É questão de necessidade
extrema. Depois explico para vocês.
Dilma -Eu fiz um bolinho. Quer,
sogrinha?
Giovana - Eu que fiz! É só pra
amanhã.
Mercedes -Aí mesmo que não quero. Mas
por que é só pra amanhã?
Ana
Júlia - Esqueceu que
amanhã é o aniversário dele?
Mercedes - Ih, nem lembrava mais. É
tanto aniversário dos meus antigos namorados que confundo.
Fabíola - Que horrível!
Mercedes -Cadê meu filhote?
Ana
Júlia -Ele disse que ia
pra uma entrevista de emprego. Tomara que ao invés de emprego não apareça outra
mulher.
Mercedes - Pelo menos alguém
interessado em trabalhar nessa casa.
Fabíola -E você, sogra?
Mercedes -Trabalhar é algo que eu
gosto... Longe de mim.
Dilma -E ainda reclama da gente!
Mercedes -Reclamo mesmo, porque pelo
menos eu não sou interesseira. Uma coisa: não eram cinco esposas?
Fabíola - Sim, mas a Jéssica traiu
o Lúcio e caiu fora.
Jéssica
e Lúcio entram pela porta, aos risos.
Mercedes - Filhote!
Lúcio - Mamãe? O que tá fazendo
aqui?
Mercedes -Vim passar uns dias.
Dilma - O que essa traíra tá
fazendo aqui, Lúcio?
Jéssica - Olha elaaaaa! Tô de
volta!
Fabíola - Ela te traiu e voltou,
Lúcio? Que doideira é essa?
Lúcio - Ela pediu desculpas, e me
convenceu.
Jéssica - O pituquinho confia em
mim, já em vocês...
Lúcio - Por favor, Jéssica...
Ana
Júlia - Já acabou,
Jéssica?
Jéssica - Já sim.
Mercedes - Meu Deus! Não dá nem pra
falar aqui nessa casa! Cruz credo!
Lúcio - Explica por que você
veio, mamãe.
Mercedes - Eu fui despejada do meu
apartamento. Aquela sua mesada acabou também, meu filho, então tô dura!
Jéssica
(rindo ironicamente) -
Isso que é exemplo!
Mercedes - Fica quieta!
Jéssica -Quer a minha boca calada?
Então vem calar, maracujá de gaveta!
Mercedes - Maracujá é você, mas
agora tá toda plastificada. Parece roupa de piriguete, toda esticada.
Lúcio -Vamos parar?!
Dilma -Vamos comer alguma coisa?
Fabíola
- Não tem nada pra comer
nessa casa.
Lúcio - Tem aquele frango assado.
Vou requentar.
Ana
Júlia -Rererequentar, né?
Esse frango já tá rodando aqui há uns três dias.
Dilma - Melhor isso do que nada.
Mercedes - Eu prefiro nada.
Lúcio
vai à cozinha, pega o frango, em uma travessa, e volta com ele.
Fabíola -A coxa é minha!
Dilma -Também quero.
Jéssica - Só tem uma.
Lúcio -(pega
a coxa do frango e come) Problema resolvido!
Fabíola -Que egoísmo, Lucinho!
Jéssica - Ah, pituquinho...
Mercedes - Lúcio, meu filhote,como
você aguenta conviver com essas cinco loucas?
Ana
Júlia - Ele gosta da
gente, Matusalém.
Mercedes -Aff, essas semanas aqui
serão bem difíceis.
Dilma - Semanas? Não eram uns
dias?
Mercedes - Dá na mesma coisa.
Fabíola - Ah, não dá não. Entre
olhar pra sua cara enrugada por uns dias e umas semanas, não preciso nem dizer
qual é o menos pior.
Jéssica
(rindo) - Concordo!
Lúcio -Peguem mais frango! Tá
sobrando!
Jéssica - Claro. Há mais de uma
semana aqui...
As
esposas pegam seus pedaços do frango, em pratinhos. Mercedes fica parada, em
sua poltrona.
Giovana - Não vai comer não,
sogrona?
Mercedes - Pra pegar uma diarréia
com esse frango velho? Não, obrigada, dispenso.
Fabíola - Ah, não exagera.
Jéssica -Vai acabar ficando
desnutrida, maracujá. E velho com isso é horrível.
Dilma - Deixem a sogrinha quieta.
Fabíola -Para de ser falsiane,
Dilma, por favor. Você realmente tem muita coisa parecida com a sua xará.
Giovana - Dilma às vezes é mais
falsa que uma nota de cinco reais.
Todos
riem.
Dilma - Nem pra fazer uma
piadinha você usa o cérebro, Giovana.
Mercedes - Ah, vai ser pior do que
eu imaginava, muito pior.
Ana
Júlia - Lúcio, a sua
entrevista então era com a Jéssica?
Jéssica - Só chegou a essa
conclusão agora, Ana Júlia?
Ana
Júlia - Não.
Jéssica
- Até parece.
Lúcio - Meus amores, a gente
precisa arrumar um ganha pão.
Giovana - Pão? Tem lá na padaria do
Sidcley.
Mercedes - Isso é nome ou castigo?
Dilma
(rindo) - Os dois.
Lúcio - Ganha pão é um emprego,
uma forma de ganharmos dinheiro.
Giovana - Ah, tá. Entendi.
Dilma - Finalmente, né?
Lúcio -Podemos vender/
Fabíola
(corta) - O corpo da Giovana? Ela é a mais nova.
Dilma - Quem ia querer isso?
Lúcio - Não pirem. Nada de corpo!
Podemos vender/
Ana
Júlia - Drogas não, pelo
amor de Deus, não quero me meter com o crime.
Dilma - De novo, né? Seu passado
te condena, Ana Júlia.
Ana
Júlia - Como se o seu
fosse uma maravilha.
Lúcio - Não me interrompam agora.
É a última vez que eu falo. Podemos fazer uma empresa de quentinhas.
Jéssica -Que decadência hein?!
Dilma -Se quiser sair, pode ir,
Jéssica. Tô de saco cheio de você hoje.
Lúcio -Todas terão que ajudar nas
quentinhas. Ana Júlia, Fabíola e Giovana ficarão na cozinha. Mamãe, a senhora
irá fazer as entregas com a Dilma. E Jéssica vai montar as quentinhas.
Todas -E você?
Lúcio -Eu fico na parte
administrativa.
Dilma -Para de caô, Lúcio.
Lúcio -Então eu fico atendendo as
encomendas pelo telefone.
Mercedes -Eu vou ter que trabalhar?
Tô fora!
Fabíola -Todo mundo tem que
trabalhar!
Dilma -Fica tranquila, sogrinha.
Vamos trabalhar juntas!
Mercedes -O que eu fiz pra merecer
isso, Senhor?
Ana
Júlia - Torrou a sua
grana.
Lúcio -Vamos trabalhar, meus
amores?! Vou sair na rua pra divulgar as quentinhas. Enquanto isso, vocês vão
cozinhando.
Ana
Júlia -O que? Esse resto
de frango velho?
Lúcio - Tem um pacote de arroz
cheio no armário.
Fabíola - O cardápio vai ser arroz
e resto de frango?
Lúcio - Não, um risoto a la
Marinho.
Dilma - Que sem graça. Quem vai
querer comprar isso?
Lúcio - Muita gente. Coloquem
essas azeitonas e mais alguma coisa pra render.
Fabíola
- A azeitona tá vencida.
Lúcio - Não tem importância.
Jéssica - Eu vou com você, pituquinho.
Dilma - Ah, não vai não. Vocês
vão acabar indo pra um motel pra se agarrarem. Fica quieta, sua traíra.
Lúcio - Eu irei sozinho.
Giovana - O que eu vou fazer? Não
entendi nada.
Ana
Júlia - Vai ficar na
cozinha comigo... se é que você, com essa altura, vai conseguir alcançar ao
menos o botijão de gás.
Giovana - Não me provoca, sua
antipática. Se me atacar, eu vou atacar!
Jéssica -Pergunta: onde vamos
colocar a comida? Na mão de quem comprar?
Lúcio - Compra uns potinhos descartáveis
aqui na loja da dona Carmélia.
Dilma - Com que dinheiro?
Lúcio - Compra fiado que depois
eu pago.
Jéssica - Tá, bom, pituquinho.
Lúcio - Vamos começar, amores!
Até daqui a pouco.
Lúcio
sai.
Corta para:
CENA 03. ROCINHA. DIA. EXT.
Lúcio
anda pelas ruas da favela. Ele se aproxima de uma obra, com vários pedreiros e
um engenheiro.
Lúcio
(gritando) - Quentinhas dos Marinho! Gostosas e fresquinhas!
Hoje tem!
Pedreiro - O que tem pra hoje?
Lúcio - Risoto a la Marinho.
Pedreiro - É bom isso? Nome chique.
Lúcio - É ótimo. É um prato
tradicional francês. Até a Rainha Elizabeth já provou.
Engenheiro - Rainha Elizabeth não é da
Inglaterra?
Lúcio - Ah, deve ser, mas ela já
provou, e gostou.
Engenheiro -Então queremos 6 dessas
quentinhas, e capriche, porque estamos com fome.
Lúcio -Pode deixar.
Engenheiro -Quanto é?
Lúcio -Vinte e cinco reais, mas precisa
dar dez de adiantamento por cada uma.
O
engenheiro tira algumas notas de dinheiro do bolso, conta e entrega a Lúcio.
Engenheiro -Aqui está!
Lúcio - Daqui a pouco vão trazer
suas quentinhas.
Engenheiro - Tá bom.
Lúcio
coloca o dinheiro em seu bolso e caminha em direção a sua casa.
Corta para:
CENA 04. CASA DOS MARINHOS. DIA.
INT. COZINHA.
Fabíola,
Ana Júlia e Giovana estão na cozinha. Elas preparam o risoto.
Fabíola - Espero que fique bom esse
risoto.
Ana
Júlia - Também espero.
Jéssica
entra na cozinha, com uma sacola.
Jéssica - Pronto! Comprei os potes.
Dona Carmélia tá toda chata, quase não me vendeu fiado.
Ana
Júlia – Aquela velha é uma mala.
Jéssica
vê o bolo para o aniversário de Lúcio.
Jéssica - Quem fez esse bolo? É pra
agora? Tô morrendo de fome! Aquele frango não sustenta ninguém.
Giovana - Eu que fiz. É pro
aniversário do Lucinho, amanhã.
Jéssica -Aniversário dele? Tinha
esquecido já.
Fabíola -A gente tinha combinado de
eu comprar uns refris, a Dilma fazia uns salgados e a Giovana fez o bolo.
Jéssica -Com o dinheiro das
quentinhas a gente bem que podia comprar um presentinho pro pituquinho, né?
Fabíola -Boa ideia.
Corta
para:
CENA 05. CASA DOS MARINHOS. DIA.
INT. SALA.
Dilma
está sentada no sofá ao lado de Mercedes.
Dilma - E aí, sogrinha? Animada
pra trabalhar?
Mercedes
(irônica) - Ah, claro.
Lúcio
entra.
Lúcio -Vamos trabalhar?! Já tenho
seis quentinhas encomendadas.
Dilma -Vamos pra parte que me
interessa: quanto que é cada uma?
Lúcio - Quinze reais.
Dilma - Que mixaria.
Lúcio -Se a gente cobrar muito,
não vão querer pagar.
Mercedes -Verdade, filhote.
Lúcio
sai da sala e vai à cozinha.
Corta
para:
CENA 06. CASA DOS MARINHOS. DIA.
INT. COZINHA.
Lúcio
entra na cozinha.
Lúcio -Já temos seis quentinhas
encomendadas! Vamos agilizar!
Fabíola -O risoto já tá pronto!
Agora só falta a Jéssica colocar nos potinhos. Ela tá demorando horas.
Jéssica
-Já estou acabando!
A
imagem acelera um pouco. Jéssica monta as quentinhas com o risoto.
Jéssica -Pronto! Acabei!
Lúcio
(pegando as quentinhas) -Ótimo.
Lúcio
sai da cozinha, com as quentinhas.
Corta
para:
CENA 07. CASA DOS MARINHOS. DIA.
INT. SALA.
Lúcio
chega à sala, com as seis quentinhas na mão. Ele as entrega para Dilma.
Dilma -Onde que temos que
entregar isso, Lucinho?
Lúcio -Pros pedreiros daquela
obra do lado da padaria do Sidcley.
Dilma - Tudo bem. Vamos,
sogrinha?
Mercedes - Se eu fui destinada a
isso, vamos!
Lúcio - Não se esqueçam de pegar
o dinheiro: quinze reais é o preço de cada uma.
Dilma - Pode deixar. Até mais,
amor.
Dilma
e Mercedes saem, carregando as quentinhas.
Corta
para:
CENA 08. ROCINHA. DIA. EXT.
Mercedes
e Dilma caminham pelas ruas da favela com as quentinhas na mão.
Dilma - Sogrinha, o Lúcio cobrou
quinze reais por cada quentinha. Por que a gente não cobra mais? Acho vinte e
cinco um número ótimo, aí esses dez reais a gente divide entre a gente.
Mercedes -Goxto
assim. E se os pedreiros falarem que o Lucinho cobrou quinze?
Dilma - A gente fala que tem a
taxa de entrega.
Mercedes -Ótimo, Dilma.
Dilma - Assim, só com essa
entrega, cada uma ganha trinta reais.
Dilma - Vocês que pediram as
quentinhas?
Pedreiro - Sim.
Dilma
(entregando as quentinhas) - Aqui estão. Cada uma é
vinte e cinco reais. O total é cento e cinquenta.
Engenheiro -Opa, mas aquele homem já
pegou dez reais de adiantamento por cada quentinha.
Dilma - Como assim?
Close
final no rosto de Dilma e Mercedes, irritadas com o golpe de Lúcio.
FIM
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