segunda-feira, 9 de maio de 2016

Capítulo 3: TERRA LIVRE


TERRA LIVRE
C A P Í T U L O   0 3

Cenas Do Capítulo Anterior...

[...]
Afonso caminhando pelo cafezal. Trabalhadores colhendo. Ele observando o café. MURILO (homem adulto, alto, cabelos pretos, 40 anos) se aproxima dele, com entusiasmo.

MURILO        - Estamos cada vez mais tendo um café de maior qualidade, Barão.

AFONSO       - Percebo!

MURILO        - Sem querer me intrometer, mas o que foi, senhor?! Aconteceu alguma coisa? Sinto o senhor um pouco fechado.

AFONSO       - Os meus conterrâneos estão chegando e não temos terras para oferecer a todos eles. A maioria de nossas terras justamente ficam na Itália.

MURILO        - Entendo... Mas o senhor pretende.../

AFONSO       - (corta) Tentarei. Vamos ver se vai dar. Sou um deles, não creio que vão aceitar viver nessas condições, Murilo.

Eles encerram a conversa. Voltam a ver os cafezais. CORTA PARA/

[...]

Uma casa antiga. Domingos amarrado a uma pilastra, com a boca tampada com um pano, tentando se soltar. BATE NA PORTA. O Homem 1 atende. Uma pessoa encapuzada de preto entra, fica de frente a Domingos. Tira o capuz. Maria Tereza. Ela ergue um revólver em direção a ele.

M. TEREZA    - Te darei apenas uma chance de se salvar.

O Homem 1 tira o pano da boca dele.

DOMINGOS  - (grita) Me solta!

M. TEREZA    - Ou você renuncia a toda a sua fortuna. Renunciar a tudo o que você tem direito, ou você morre aqui mesmo. Imagine. Ninguém... Ninguém pra sentir a sua falta.

DOMINGOS  - Eu não vou renunciar a nada.

M. TEREZA    - Eu te dei as opções... Agora a escolha é sua.

Closes alternados. FOCA na feição de preocupação de Domingos.

...
CENA 1/ CASA/ DIA/ INT./ SALA.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior;

Maria Tereza com o revólver apontado para Domingos. Ele aflito.

M. TEREZA    - Pensou que eu não teria coragem, Domingos? Pois estou eu... Aqui... Velando seus últimos momentos de vida, esperando ansiosamente a sua morte!

DOMINGOS  - Você é asquerosa, é nojenta... Um demônio!

M. TEREZA    - Isso... Vai! Me xinga. Me xinga mesmo, porque essas serão as suas últimas palavras, seu verme.

Domingos respira ofegante. CORTA PARA/

CENA 2/ RUA/ DIA/ EXT.

Vários meninos brincando com uma peteca na rua. Um menino moreno (Menino M.), aproximadamente doze anos, joga a peteca em uma casa.

MENINO M.  - Eu vou lá buscar. Peraí!

Eles pula o muro com habilidade. Pega a peteca.

M. TEREZA    - (off) Eu vou destruir você! Acabar com a sua vida!

O menino se assusta. Olha na janela. Vê Maria Tereza com o revólver apontado para Domingos. Sai correndo do local. CORTA PARA/

CENA 3/ DELEGACIA/ DIA/ INT./ SALA DE ESPERA.

Dois policiais, um de um lado e um do outro da entrada. O da esquerda, Policial#1 (cabelos negros e cortados, aproximadamente 40 anos, fardado), o da direita, Policial#2 (cabelos loiros, olhos azuis, aproximadamente 30 anos, fardado) avistam os meninos vindo correndo. O menino moreno se aproxima de Policial#1.

MENINO M.  - Socorro... O senhor precisa me ajudar. Por favor, me ajude!

POLICIAL#1 - O que foi? O que aconteceu?

MENINO M.  - Tem uma mulher, moço. Uma mulher com aquela arma igual a do moço ali apontada pra um homem. Vem comigo que eu te mostro.

Policial#1 segue com ele. O Policial#2 vai atrás. CORTA PARA/

CENA 4/ CASA/ DIA/ EXT.

O menino moreno apontando o dedo para a casa. Os policiais entram, sorrateiramente. Policial#2 se afasta e atira contra a janela. CORTA PARA/

CENA 5/ CASA/ DIA/ INT./ SALA.

Maria Tereza se assusta, mas continua com o revólver apontado para Domingos.

JEFERSON    - (off) Se entregue... Vamos invadir! É melhor se entregar!

M. TEREZA    - (sussurrando) Droga.

Maria Tereza corre até a porta dos fundos. Domingos passa a corda na pilastra, e solta a sua mão. Ele segura a perna de Maria Tereza, que dá um tiro em seu ombro, e corre. Domingos se levanta, segurando o braço, e corre atrás dela. CORTA PARA/

CENA 6/ CASA/ DIA/ EXT./ QUINTAL DOS FUNDOS.

Uma grande floresta à vista, e um cavalo do lado. Maria Tereza veste sua capa, monta no cavalo e vai em direção à floresta. Domingos corre atrás. Adentra na floresta, mas cansa e se senta. Ele desmaia. CORTA PARA/

CENA 7/ CASA/ DIA/ INT./ SALA.

A casa vazia. Uma poça de sangue no chão.

POLICIAL#1 - (off) É 1... É 2... e é 3!

O Policial#1 e o Policial#2 arrombam a porta com os pés. Estranham.

POLICIAL#2 - Merda... Ela fugiu. E o levou!

CORTA PARA/

CENA 8/ STOCK SHOTS/ EXT.

Sonoplastia: Italiana – Christian e Ralf.
Legenda: 15 DIAS DEPOIS...
Imagens aéreas do navio seguindo. CAM aproxima, e mostra Helena e Vicente em sua borda, abraçados. CORTA PARA/

CENA 9/ NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.

Helena e Vicente abraçados, felizes, observando o mar.

VICENTE       - Quinze dias... Já estamos há quinze dias viajando sem fim nesse mar imenso, Helena.

HELENA         - Si... Sabe. Apesar das condições que esse maledetto desse comandante deu a nós, io fico feliz em pode ir para o Brasil. Quero esquecer todo o sofrimento que io sofri com mia família em Itália.

VICENTE       - Io também. Non quero mais sofrer, Helena. Quero viver... É um novo começo para nós!

HELENA         - Já estou cansada, mas vou melhorar, vou lutar e conquistar um espaço nesse mundo.

VICENTE       - Você está lembrando de tuo passado, e io me lembro que há quinze dias atrás nos encontramos pela primeira vez. Lembra?

Helena sorri.

FLASHS DO ENCONTRO DOS DOIS
F #1
Tumulto no navio. VICENTE (loiro, barba grande, 30 anos) colocando as malas no chão. Helena se aproxima dele, com a mala nas mãos, suando. Ele se vira e olha para ela. Os dois se entreolham. Closes alternados.
VICENTE       - (a Helena) Quer ajuda?
HELENA         - Non... Obrigada! Não precisa!
VICENTE       - Qualquer coisa. Estou às ordens, senhorita!
HELENA         - Obrigada!
Os dois se encaram novamente. Valter observa.

F #2
MULHER        - (grita/ O.S) SOCORRO!
Helena se vira e vê uma mulher deitada no chão, agonizando, suada. Ela corre até lá e se ajoelha no chão, ao lado dela.
HELENA         - O que está acontecendo?! Me digam! O que está acontecendo?
MULHER        - (com dificuldade) Vou morrer... Dio mio! Me salve! Vou morrer!
HELENA         - Per favore, não diga isto! Me conte... O que aconteceu com você?
MULHER        - Fui picada por um bicho no porão... Está doendo muito... Dói muito! Estou me sentindo muito tonta!
Uma multidão se forma em volta deles. Vicente chega, assustado.
VICENTE       - O que está acontecendo?
HELENA         - Não vê? Essa mulher está morrendo!
Tempo. Vicente observa tudo. Helena firme.
HELENA         - Anda! Me ajude, per favore!
Vicente se ajoelha ao lado de Helena.

RETORNA A CENA;

VICENTE       - Você sempre mui bravinha. Mia bravinha!

HELENA         - Io aprendi a te admirar, Vicente. Aprendi a admirar a pessoa que você é.

VICENTE       - Io também.

Os dois vão se aproximando e se beijam apaixonadamente. CORTA PARA/

CENA 10/ NAVIO/ DIA/ INT./ SALA DE COMANDO.

O comandante pega um barril de água, vira em um copo de barro e bebe. Lorenzo entra. O comandante se assusta.

COMANDANTE – Quem te deu a autoridade para entrar assim aqui?!

LORENZO     - Io non preciso de autorização, capite?

COMANDANTE – O que você quer aqui?

LORENZO     - Vim lembrar você que tuo prazo acabou!

Lorenzo tira uma ampulheta do bolso, e mostra ao comandante.

LORENZO     - (cont.) Já está na hora de tomar uma decisão.

COMANDANTE – Preciso de mais um tempo.

LORENZO     - Dei a você tempo o suficiente, querito comandante. Non vou mais prolongar esse tempo. Então... Decida-se.

COMANDANTE – Va bene... Io non vou ajudar você nessa covardia!

LORENZO     - Va bene... Fez tua escolha. Aguente as consequências!

Lorenzo se aproxima da porta, abre-a. Vicente no lado de fora descarregando coisas de uma caixa. Lorenzo olha para o comandante, que se desespera, corre até a porta e fecha-a.

LORENZO     - (cont.) O que foi? Por que fechou a porta?

COMANDANTE – Va bene... Io vou te ajudar!

Lorenzo estende a mão para o comandante, que estende a dele. Eles apertam as mãos. CORTA PARA/

CENA 11/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ QUARTO DE AFONSO.

Afonso sentado em sua cadeira, pensativo. Maria Tereza entra com duas xícaras de chá, entrega uma nas mãos de Afonso, senta-se na outra cadeira, de frente à ele, e bebe o seu chá.

AFONSO       - Estou muito preocupado!

M. TEREZA    - Por quê?

AFONSO       - O meu irmão...

M. TEREZA    - Pelo o que sei ainda não o encontraram.

AFONSO       - Meu irmão é mais perigoso do que você imagina.

M. TEREZA    - Será? Se fosse esperto conseguiria reverter a situação e não ter tomado esse tiro que tomou.

Afonso se levanta, fica de costas para Maria Tereza, que se levanta e o abraça por trás.

M. TEREZA    - (cont.) Não há do que se preocupar.

Afonso se vira, com raiva. Maria Tereza assustada.

AFONSO       - (grita) Você não entende?! É burra?! O meu irmão pode estar armando uma cilada contra nós. Você foi tão incompetente que não conseguiu matar o desgraçado. Sua inútil!

M. TEREZA    - Eu sei. Me desculpa, mas/

AFONSO       - (corta) Mas o quê? Vai dizer que não atirou por falta de bala, ou por que se cagou todinha de medo da polícia. Você também tinha uma arma!

M. TEREZA    - (grita) Não grite comigo! Por que na hora de fazer quem faz sou eu. Você fica aí, igual um rei, e eu tendo que fazer coisas que você não tem coragem! Você é um covarde!

Afonso pega Maria Tereza pelo pescoço, imprensa-a na parede. Ela tentando se soltar.

AFONSO       - Nunca se atreva a levantar a voz comigo, sua desgraçada! Nunca!

Afonso solta Maria Tereza. Os dois se encaram. CORTA PARA/

CENA 12/ MATA/ DIA/ EXT.

Uma barraca montada embaixo de uma árvore. Tudo em silêncio. Domingos, com a roupa toda rasgada, sujo, vai em direção à barraca comendo uma fruta.

DOMINGOS  - Preciso achar a folha... A tinta já consegui, falta a folha.

Domingos entra na barraca, abre sua mochila, acha duas folhas de papel ofício. A tinta ao lado, com uma pena. Ele Começa a escrever na folha. CORTA PARA/

CENA 13/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ EXT./ FACHADA.

Domingos se aproxima da mansão, vai lentamente, e vê um porteiro. Ele se aproxima do porteiro, com a folha dobrada em mãos.

DOMINGOS  - (ao porteiro) Oi. Eu sou um jornaleiro, tava me aventurando pelas matas, mas aí encontrei isso e identifiquei pelo local que estava falando. Já tinha passado por aqui. Será que teria como o senhor entregar ao Barão de Leroy, por favor?

PORTEIRO   - Tem como sim.

Domingos entrega a carta nas mãos do porteiro.

DOMINGOS  - Muito obrigado!

PORTEIRO   - De nada!

Domingos sai. FOCA em seu rosto, sorri. CORTA PARA/

CENA 14/ MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ QUARTO DE AFONSO.

Maria Tereza e Afonso tomando seu chá, tranquilamente. BATE NA PORTA.

AFONSO       - Entre!

O porteiro entra e vai em direção à Afonso, com a carta, e o entrega.

AFONSO       - (confuso) O que é isso?

PORTEIRO   - Um jornaleiro pediu para entregar ao senhor. Ele disse que encontrou isso na mata, e identificou pelo local descrito. Disse que já havia passado por aqui.

AFONSO       - Está bem. Agora pode se retirar.

M. TEREZA    - Vou ler para você!

Afonso entrega a carta nas mãos de Maria Tereza, que abre.

DOMINGOS  - (off) Vocês devem estar agora lendo essa carta, simplória, sem muitos dizeres. Poucas foram as vezes que tivemos uma boa relação, meu querido irmão. Poucas foram as vezes que nos amamos como irmãos. Hoje, eu, aqui, em um hospital qualquer, tenho pouco tempo de vida. Provavelmente quando estiverem lendo essa carta eu já não estarei mais entre esse mundo dos vivos. Me perdoe... Me perdoe mesmo. Mas antes de partir, eu precisava me despedir. Um abraço eterno, de seu irmão, Domingos de Leroy.

Maria Tereza fecha a carta, entrega novamente a Afonso, que estranha.

AFONSO       - Eu já não estou entendendo nada.

M. TEREZA    - Pelo o que diz na carta ele estaria morto. Domingos morreu, Afonso.

AFONSO       - (grita) Inferno!

Closes alternados. CORTA PARA/

CENA 15/ OCEANO/ EXT.

Sonoplastia: COM TE PARTIRO – Andrea Bocelli.

O navio seguindo. FIM DE TARDE. Take final de Helena e Vicente com os braços abertos na borda do navio. CORTA PARA/

CENA 16/ NAVIO/ TARDE/ PARTE DE CIMA DO NAVIO.

Helena abraçada com Vicente, aos beijos. Ambos felizes.

HELENA         - Só saímos para comer. Estamos aqui desde cedo. É mui bom ter você perto de mim!

VICENTE       - Io te amo... Io estou apaixonado por você!

HELENA         - Io também... Estou completamente apaixonada por ti!

Os dois se beijam apaixonadamente. Germana vendo de longe com cara fechada.

GERMANA     - (grita) Helena! Venha aqui! Agora!

HELENA         - (a Vicente) Preciso ir ver o que mia madre quer. Espere aí!

VICENTE       - Va bene!

Helena vai em direção à mãe. As duas ficam frente a frente.

GERMANA     - O que você está fazendo abraçada com aquele ragazzo?!

HELENA         - Io.../

GERMANA     - (corta) Non importa... Mas io non quero você andando com esse ragazzo. É pra tuo bene! Capite?

HELENA         - Madre/

GERMANA     - (corta) Non quero reclamações. Quero que faça isso!

Germana sai de perto dela. Helena olha para Vicente de longe, sorri entristecidamente. CORTA PARA/

CENA 17/ JOALHERIA/ MONTE VELHO/ TARDE/ INT.

FILOMENA (mulher alta, cabelos negros, aproximadamente vinte e poucos anos) entra na joalheria, com roupa condizente a época, e uma bolsa. Ela se aproxima do joalheiro, se senta a sua frente.

JOALHEIRO - Então quer dizer que é a senhora que quer nos vender um anel muito valioso? É isso?

FILOMENA   - Sim, é isso... A situação na minha casa não está das melhores, e eu preciso me movimentar pra mudar isso.

JOALHEIRO - Está bem. E onde está o anel?

Filomena tira o anel de dentro da bolsa e entrega ao joalheiro, que coloca um óculos e começa a analisar.

FILOMENA   - É esse...

JOALHEIRO - Interessante!

Filomena sorri para o joalheiro. CORTA PARA/

CENA 18/ RUA/ TARDE/ EXT.

Filomena sai da joalheira. Um homem sujo observa ela caminhar, e a segue. Filomena coloca o dinheiro dentro da bolsa.

O homem pega sua bolsa e sai correndo.

FILOMENA   - (grita) SOCORRO! SOCORRO!

SAULO (cabelos pretos, aproximadamente uns quarenta anos, elegante) encostado perto de uma padaria, corre atrás do homem, o puxa.

SAULO           - Devolve... Devolve agora!

O homem devolve e sai correndo em seguida. Saulo pega a bolsa e entrega a Filomena. Eles se encaram.

FILOMENA   - Obrigada.

SAULO           - Qualquer coisa estou às ordens.

Saulo vai andando. Filomena observando. FUNDE COM/

CENA 19/ CASA DAS IRMÃS SOTERO/ TARDE/ INT./ SALA.

Margarida costurando um vestido. Bernarda dançando pela sala. Filomena entra ofegante e se senta no sofá. Margarida e Bernarda assustam.

MARGARIDA            - O que aconteceu?

BERNARDA   - É... O que foi?

FILOMENA   - Eu fui assaltada meninas!

ELAS              - (GRITAM) O quê?

BERNARDA   - E o nosso dinheiro? Não me diga que o perdeu.

FILOMENA   - Calma, gente. Tinha um rapaz lá. Ele recuperou o dinheiro e me entregou!

MARGARIDA            - Ah... Tá explicado! Não era a toa que você chegou com esses olhinhos brilhando.

FILOMENA   - Ele era lindo!

MARGARIDA            - Pode até ser lindo, mas são esses lindos que são os mais cafajestes. Abre o olho!

FILOMENA   - Será?!

Filomena fica pensativa. CORTA PARA/

CENA 20/ FAZENDA DE CRISTINA/ TARDE/ INT./ SALA.

CRISTINA (cabelos negros, olhos castanhos, bonita, roupa de fazendeira) olha um porta-retratos que ela está abraçada com Saulo. Saulo entra na casa.

CRISTINA     - O que significa isso?! Quem permitiu que você entrasse aqui assim?

SAULO           - Precisamos conversar, Cristina.

CRISTINA     - Pois fale! Não quero perder muito tempo.

SAULO           - (grita) Acabou! Acabou, eu não quero mais!

CRISTINA     - Nada te impede, Saulo. Quer ir embora? Simples... Arrume suas coisas e suma da minha casa, suma da minha vida!

SAULO           - É o que eu vou fazer. Eu não quero mais você na minha vida, chega... Deu! Deu de humilhação!

CRISTINA     - Eu tenho nojo de você, Saulo. Você me enoja cada dia mais. Eu não aguento mais... Não aguento mais viver esse casamento de fachada, essa farsa... Eu quero ser livre, eu quero viver como eu nunca vivi ao seu lado... Seu verme!

Os dois se encaram. Saulo sai do local. Cristina chora, sem escândalo. CORTA PARA/

CENA 21/ NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.

Helena tirando coisas de uma caixa de papelão, cabisbaixa. Chiara se aproxima dela. Ela se levanta e fica de frente a Chiara.

CHIARA         - O que está acontecendo, filha mia? Está triste?

HELENA         - Non é nada. Io só estou com saudades de mios irmãos, só isso.

CHIARA         - Mio marito dizia que io sempre sabia dos sentimentos das pessoas. Errava poucas vezes... Sempre soube quando Vicente ficava doente, ou quando brigava na escola. Pode confiar em mi... Io só quero te ajudar.

TEMPO. Helena pensativa. Chiara aguardando resposta.

HELENA         - Va bene... Mia madre fez uma proibição a mi.

CHIARA         - Proibição? Que proibição é essa, caspita?!

HELENA         - Ela quer que io pare de me encontrar com tuo filho.

CHIARA         - (assustada) Como mio filho? Como assim? O que mio filho fez?! Ah, mas isso non vai ficar assim!

Chiara olha para o lado. Germana observando ela conversando. Helena corre atrás. Chiara vai em direção a Germana e dá logo uma bofetada em seu rosto.

GERMANA     - Está maluca?! Desgraziata!

CHIARA         - Revide... Prove que é mulher.

Germana dá um tapa na cara de Chiara. Vicente vê de longe, corre e segura os braços de Chiara. Helena segura Germana.

GERMANA     - Você ainda me paga, maledeta!

Corte descontínuo – Helena chora, anda RAPIDAMENTE. Vicente seguindo-a. Ela para e se vira para ele.

VICENTE       - Per favore... Non me culpe... Io non tenho culpa!

HELENA         - Io sei! Mas non vou discordar de mia madre. Vicente, io te amo... Mas... Nós non podemos ficar juntos!

VICENTE       - Non... Você non pode/

HELENA         - (CORTA) Io posso, e vou! Perdoname!

Helena segue andando. Vicente começa a chorar, fica com raiva. CORTA PARA/

CENA 22/ MANSÃO DE AFONSO/ NOITE/ INT./ QUARTO DE AFONSO.

Afonso, aflito, andando de um lado para o outro.

AFONSO       - (grita) TEREZA!

Maria Tereza entra rapidamente, assustada.

M. TEREZA    - O que foi? Aconteceu alguma coisa?

AFONSO       - Já se passaram dias e dias, e eu não consigo parar de pensar no meu irmão. Eu já tentei esquecer esse pensamento, mas... Mas eu não consigo. Eu tenho certeza. Tenho certeza absoluta que meu irmão está vivo!

M. TEREZA    - Está bem, mas o que vamos fazer?

AFONSO       - Se tem um bom horário pra encontrar alguém fugido é à noite. É o momento em que eles param, sossegam dentro da cabana, ou sei lá o que. Quero que os meus homens vão até a mata... Procurem! Achem o Domingos!

M. TEREZA    - Hoje?

AFONSO       - Não! Agora!

Closes alternados. CORTA PARA/

CENA 23/ MANSÃO DE AFONSO/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.

VÁRIOS capangas reunidos no local. Maria Tereza rondando eles.

M. TEREZA    - O Barão quer que vocês sigam até a mata, agora, hoje, nesse exato momento. Ele quer que vocês encontrem Domingos!

FOCA em Maria Tereza, preocupada. CORTA PARA/

CENA 24/ MATA/ NOITE/ EXT.

Domingos entra numa casa feita com galhos de árvore. Ele come uma fruta. BARULHO entre as árvores. Domingos se espanta.

DOMINGOS  - Tem alguém aí?

Domingos vê os capangas entre as árvores, se levanta assustado.

DOMINGOS  - (cont.) Meu Deus do Céu!

Domingos sai correndo rapidamente pela mata. Os CAPANGAS correm atrás dele. RITMO. Ele se esconde atrás de uma árvore. RESPIRA ofegante. FOCA na expressão de Domingos.

EFEITO FINAL:  Congela nos capangas procurando.

FIM DO CAPÍTULO

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