CENA 01/
NAVIO/ NOITE/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
CONTINUAÇÃO
IMEDIATA DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR;
Aflição abundante em todos. Helena tenta dar um passo a frente,
porém recua. O comandante vai andando com o revólver apontado para todos.
Pessoas chorando com suas crianças.
COMANDANTE
– Calem
a boca, vermes!
HELENA – Per favore,
io te imploro. Non faça nada conosco!
COMANDANTE
– (ri)
Então... Io só posso dizer que comecem a rezar! Vai... Se ajoelha de uma vez. Se
depender de mim tudo será em vão. E vocês todos amanhã estarão debaixo desse
grande oceano!
VICENTE – (ao
Comandante) Non te reconheço... Non reconheço o homem que me deu lições de
esperanza! (grita) QUEM É VOCÊ?
COMANDANTE
– Quem
sou io? Io sou um homem muito bonito por sinal, e que non vai ficar aturando
vocês aqui! (grita) CHEGA! Chega desse inferno!
VICENTE – Quando
chegarmos no Brasil io prometo. Prometo que farei tudo o que quiser, mas per
favore, nos deixe seguir até o Brasil!
COMANDANTE
– Io
non tenho tempo de ficar fazendo planos absurdos com um vagabundo como você!
Per favore, non me estresse.
HELENA – Non tem
jeito, Vicente. É melhor deixá-lo.
COMANDANTE
– Isso...
Isso, ragazza. Aconselhe ele me deixar em paz!
VICENTE – (com raiva)
Uma pessoa que propaga guerra non pode querer paz!
Comandante aponta a arma diretamente para ele, que dá mais um
passo para trás. Helena o puxa. Comandante guarda a arma, ri com deboche.
COMANDANTE
– Vocês
estão nas minhas mãos e é melhor fazerem o que eu quero para entardecer essa
morte de vocês! Vão dormir. Amanhã é um longo dia! Io vou fazer o mesmo!
Comandante se retira. FOCA no rosto de Vicente, ofegante. CORTA PARA/
CENA 02/
STOCK-SHOTS/ MONTE VELHO/ EXT.
SONOPLASTIA: A Partir de Hoy – Marco Di Mauro FEAT Maite
Perroni.
AMANHECER. TAKES DAS PESSOAS INDO E VINDO.
CASAIS APAIXONADOS SENTADOS NA PRAÇA. UM VENDEDOR DE PIPOCAS COLOCANDO
SEU CARRINHO PARA FORA. TAKE FINAL NA FACHADA DA MANSÃO DE AFONSO. CORTA PARA/
CENA 03/
MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ SALA DE JANTAR.
MÚSICA
CESSA;
Afonso sentado tomando seu café da manhã. Maria Tereza entra no
cômodo, e se senta ao lado dele. Ela corta um pedaço do bolo e coloca café em
sua xícara. Olha para Afonso encarando-o.
AFONSO – O que foi?
Estou cagado ou algo do tipo... Me encara de uma forma que nem eu entendo.
M. TEREZA –
Estou
esperando você me contar a novidade. Percebi que você saiu à noite.
AFONSO – Até quando
você vai ficar me vigiando, Maria Tereza? Já está ficando chato. Não se pode
nem ter um pouco de liberdade nesta casa.
M. TEREZA –
Minha
função é te vigiar. Se não fosse eu na sua vida, você já estaria preso há muito
tempo, Afonso.
AFONSO – Esqueça o
passado.
M. TEREZA –
Mas
afinal, o que foi fazer naquela hora da madrugada?
AFONSO – Fui atrás
de Domingos.
M. TEREZA –
Não
me diga que/
AFONSO – (CORTA)
Sim. Domingos fugiu novamente, Tereza.
M. TEREZA –
Mas
quanta incompetência desses seus capangas. Com essa fazenda toda coberta por
homens e ainda me deixam um velho sair sem perceber nada.
AFONSO – Eu acho que
essa fuga do meu irmão não é uma fuga.
M. TEREZA –
Mas
como não? Você mesmo disse que ele já não estava mais no Porão.
AFONSO – Eu acho que
alguém ajudou ele a fugir.
M. TEREZA –
Desconfia
de alguém?
AFONSO – Infelizmente
não, mas eu vou investigar isso direitinho!
Silêncio por um TEMPO. Maria Tereza pensativa, olha novamente
para Afonso.
M. TEREZA –
Já
sabe o que fazer?
AFONSO – Não quero
perder muito tempo... Quero que você ajude os meus capangas a encontrarem
Domingos.
M. TEREZA –
Pode
contar comigo!
AFONSO – Mas existe
uma mudança de regra no que eu já havia te dito antes.
M. TEREZA –
Mudança?!
Que mudança?
AFONSO – Se você
encontrá-lo... Poderá matá-lo!
Maria Tereza estende suas mãos. Afonso também. Os dois apertam
as mãos. CORTA RÁPIDO PARA/
CENA 03/
FAZENDA DOS ZAPATA/ DIA/ EXT./ FACHADA.
Um carro da época segue caminhando até a fazenda. FUNDE COM/
CENA 04/
FAZENDA DOS ZAPATA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Vários funcionários fazendo duas filas, abrindo apenas um espaço
em direção à porta. GABRIEL (cabelos negros, olhos azuis, aproximadamente 40
anos, culto) entra. Todos aplaudem. Ele sorri educadamente.
GABRIEL – Ai que
saudade, meu povo. Que saudade de sentir esse cheiro de café na casa toda! (ri)
Estou muito feliz!
EMPREGADA#1
– Nós
também estávamos morrendo de saudades, seu Gabriel. O senhor fez muita falta.
GABRIEL – Agora é
retomar minha vida. Afinal, os meus negócios não podem parar. Vou indo até o meu
escritório. Com licença!
Gabriel sobe as escadas. CORTE
IMEDIATO PARA/
CENA 05/
FAZENDA DOS ZAPATA/ DIA/ INT./ ESCRITÓRIO.
Gabriel se senta em sua mesa e começa a olhar alguns papéis,
assustado. JOSÉ (cabelos lisos, aproximadamente 35 anos, moreno, bonito) entra
com outros papéis na mão.
GABRIEL – Não estou
entendendo. Esses papéis dizem que/
JOSÉ – (entrega os
papéis a Gabriel) Veja com seus próprios olhos.
Gabriel olha os papéis com olhar pesado e indignado. José
olhando a reação dele, esperando resposta.
GABRIEL – Estamos
quase falidos, José. Falta bem pouco, mas podemos considerar que estamos
falidos!
JOSÉ – Eu também
me assustei quando vi as contas.
GABRIEL – O que
aconteceu? Afonso está vendo mais que a gente?
JOSÉ – Pior!
GABRIEL – Pior?! O
que seria pior do que ficar falido?
JOSÉ – Ficar
falido sem ter feito nada de errado...
GABRIEL – Como assim?
JOSÉ – Alguns funcionários
da fazenda viram capangas do Barão entrarem pelo outro lado do muro. Eles
estavam vestidos como os nossos funcionários e ninguém percebeu que não seriam,
mas tacaram fogo em nossas plantações de café. Ficamos apenas com as plantações
na Capital. Agora tudo está estabilizado, pelo menos na estrutura, o cafezal
está voltando a crescer, mas vai demorar muito para chegarmos ao que estávamos.
CAM FOCA em Gabriel, tremendo de ódio. José a parte.
GABRIEL – Desgraçado!
Gabriel se levanta e sai correndo. José continua no local,
assustado.
JOSÉ – Eu não vou
me meter nisso... Que eles se entendam!
José sai do local. CORTA
PARA/
CENA 06/
NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DO NAVIO.
Todos dormindo no chão. O Comandante se aproxima, dá um tiro
para o alto. Os pássaros voam correndo. As pessoas levantam assustadas.
COMANDANTE
– Levaram
susto, foi? Dormiram demais... Agora acordem, maledettos dos infernos!
VICENTE – Espero que
tenha pensado na proposta que io fiz!
COMANDANTE
– (próximo
a Vicente) Acha mesmo que vou levar em consideração algo que você diz! Tentei
matá-lo uma vez, mas dessa vez será certeiro!
Vicente se afasta. Uma lágrima cai de seus olhos. Chiara de
longe assustada.
VICENTE – Foi você!
Você que atirou em mim... (sussurra) Desgraziato!
COMANDANTE –
Non
só em você... Mas em tuo padre! Io matei tuo padre! Io matei Matteo!
TODOS assustados. FOCA em Vicente com raiva. Chiara chorando,
sendo consolada por Valter.
CHIARA – Foi você!
(grita) DISGRAZIATO! Por tua culpa io sofri anos da minha vida! Você arruinou
esta vida mia! Acabou com tudo!
Valter a segura. Comandante aponta o revólver para ela. Vicente
ao lado dele.
COMANDANTE
– (grita/
com ódio) Chega! CALA A BOCA! Io fiz... Io fiz e faria novamente! Tuo marito
era um bandido... Bandido que non tinha dó de ninguém, pior que io, pior que
qualquer outro! Tuo marito era um demônio!
Chiara respira ofegante. Vicente ao lado do Comandante tentando
se segurar. Helena observando toda situação aflita.
COMANDANTE
– (cont.)
Pronto. Já gritaram, já pediram a Dio, mas agora não há mais jeito. Non tenho
tempo há perder... Façam filas...
Todos continuam parados. O Comandante começa a ficar nervoso.
Helena e Vicente vão saindo de mansinho.
COMANDANTE
– (cont.)
Non ouviram? Façam filas... (grita) AGORA!
As pessoas começam a fazer filas, com medo. Comandante rindo. CORTA PARA/
CENA 07/
NAVIO/ DIA/ INT./ CONVÉS.
Vicente abre a porta do local e entra lá com Helena. Os dois
ficam encolhidos em um canto, ofegantes.
HELENA – Io estou
com muito medo, Vicente. Acho que nós non vamos conseguir chegar até o Brasil!
VICENTE – Medo? Você
é a pessoa que mais me encoraja a lutar e vai desistir assim tão fácil?
Helena... Pouco sabes, mas io quero chegar lá junto a você e te fazer minha mulher.
HELENA – Non me
iluda, per favor. Só te peço isso!
VICENTE – Io nunca
vou iludir o amor de minha vida!
HELENA – Nós non
podemos ficar juntos. Será que você non consegue ver isso!
VICENTE – E será que
você vai querer ter um fim triste por que tua família non quer você com o homem
que você realmente ama? Vai ser infeliz e fazer infeliz quem vai te amar...
Helena... Escuta... Io te amo de verdade! Io quero ter você por perto todo
tempo, comigo, lutando!
HELENA – Io non sei!
VICENTE – Onde está a
Helena que eu conheci? A Helena que enfrentou um batalhão de homens para lutar
por tua terra... A Helena que bateu em um comandante. Foi essa Helena que io
conheci, é essa Helena que io amo/
HELENA – (corta) É
essa Helena que io sou!
SONOPLASTIA: No Soy El Aire – THALÍA (Refrão)
Helena agarra Vicente e os dois se beijam apaixonadamente. Tempos
depois, vão logo se afastando, ainda entrelaçados no clima.
VICENTE – Io já non
aguentava mais ver você com aquele/
Helena coloca a mão na boca de Vicente.
HELENA – Per favore,
non fale nada de Lorenzo. Ele me ajudou muito!
VICENTE – Va bene...
Non vamos discutir agora!
Eles voltam a se beijar. CORTA
PARA/
CENA 08/
NAVIO/ DIA/ INT./ SALA DE COMANDO.
O Comandante olhando o mar à frente fumando um charuto com uma
cara psicopata. Lorenzo entra no local, se senta ao lado do comandante que
estende a mão com mais um charuto.
COMANDANTE
– Quer?
LORENZO – Non!
COMANDANTE
– O
que quer?
LORENZO – Quero
entender o que você pretende. Non sei. Está estranho?
COMANDANTE
– Você
estava acostumado a ver um homem quieto... Achou que iria me calar perante a
diversas situações?! Io vou acabar com todos.
LORENZO – Pense
bem... Hoje você mata todos, e na chegada de qualquer um dos portos você é
pego. Vale a pena se arriscar tanto?
O Comandante se levanta e vai andando em direção à porta.
Lorenzo se levanta e o segue. Comandante se vira para Lorenzo.
COMANDANTE
– Io
non sou bobo, Lorenzo. Non adianta querer mudar minhas ideias, meu pensamento.
Você também vai sofrer comigo... Será um dos primeiros!
Lorenzo começa a tremer. Comandante solta uma gargalhada.
COMANDANTE
– É
pra tremer mesmo. E agora saia de minha sala! Vai... Sai!
Lorenzo sai, com medo. Comandante volta a fumar seu charuto. CORTA PARA/
CENA 09/
MANSÃO DE AFONSO/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Afonso terminando de ajeitar seu visual. Maria Tereza desce as
escadas rapidamente com um casaco e o coloca em Afonso.
AFONSO – Obrigado.
Sabia que estava esquecendo alguma coisa!
M. TEREZA –
Hoje
iniciaremos as buscas pelo seu irmão, Afonso. Está difícil, mas temos que
tentar.
AFONSO – Encontre
ele nem que seja no quinto dos infernos. Voltarei mais tarde para casa. Vou me
encontrar com Luzia.
M. TEREZA –
E
eu posso saber o que vai conversar com Luzia?
AFONSO – Mais uma
dessas e eu te coloco para fora desta casa.
Afonso vai em direção a porta, abre. Gabriel, nervoso, invade,
segurando pelo pescoço de Afonso, encostando-o na parede.
GABRIEL – Pensou que
eu não descobriria, querido Barão?
Maria Tereza assustado, sem reação. Afonso tentando se livrar.
M. TEREZA –
Mas
o que significa isto?
GABRIEL – Eu voltei,
Barão. Voltei e quero saber quem lhe deu a audácia de invadir a minha fazenda e
tacar fogo no meu cafezal? Eu não vou tolerar um homem cheio de si, falido e
que acha que pode tudo se intrometendo na vida dos meus funcionários,
atrapalhando a evolução do meu trabalho.
Gabriel o solta. Afonso se afasta dele, com raiva.
AFONSO – (aplaude)
Então quer dizer que ele voltou? Parabéns... Parabéns mesmo! Parabéns pelo
papel de trouxa que você fez! (a Maria Tereza) Tá vendo? Tá vendo que ele
voltou com tudo?! Mas olha aqui, garoto. Eu te vi pequenininho, você ainda nem
havia saído das fraudas. Não vem querer roubar o posto de “rei do café” que eu
tenho, tá me ouvindo?
GABRIEL – Já que me
conhece há muito tempo deveria minimamente ter respeito pela memória do meu
pai. O senhor está enfrentando não só a mim, como a ele também. O senhor é
sujo, é mau caráter.
AFONSO – Olhe bem
como fala comigo, senão/
GABRIEL – (corta)
Senão... Senão o que? Ah Barão, vejo que o senhor mesmo já está percebendo que
não é mais nada... Como haverá de ter um barão sem escravos? Um barão que
precisa trapacear para se ver valorizado. Se fosse tão bom, não precisaria
fazer o que fez.
AFONSO – Olha,
moleque... Vou lhe dar duas opções e não haverá uma terceira. Reúna seus
capangas e mandem que me matem... Os reúna... Ou então quem o mata sou eu!
Os dois se encaram. Closes alternados. Maria Tereza à parte.
GABRIEL – Já disse
tudo o que tinha para lhe falar. Passar bem!
Gabriel sai do local. Maria Tereza arruma a gravata de Afonso
que estava torta.
AFONSO – É só
questão de tempo... As eleições estão chegando. É só encontrarmos meu irmão e
as eleições acabarem e eu mando você tirar a vida desse projeto de fazendeiro.
Afonso se retira. Os capangas da fazenda começam a entrar no
local. Maria Tereza fica no meio deles.
M. TEREZA –
Espero
que estejam todos reunidos aqui! O Afonso já nos permitiu começar as buscas por
Domingos, seu irmão. Essas buscas serão ainda mais intensas do que as outras.
CAPANGA#1 –
E
o Barão disse se devemos ou não matá-lo?!
M. TEREZA –
Sim...
Ele disse que devemos matá-lo, mas tragam ele até a mim. Eu quero ter o prazer
de tirar a vida desse desgraçado!
FOCA no olhar sombrio de Maria Tereza. CORTA PARA/
CENA 10/
STOCK-SHOTS/ OCEANO/ EXT.
TAKES DE VÁRIOS ÂNGULOS DO NAVIO QUE
SEGUE. TAKE FINAL EM DUAS MULHERES PARADAS OLHANDO O MAR. CORTA PARA/
CENA 11/
NAVIO/ DIA/ INT./ PARTE DE CIMA DA EMBARCAÇÃO.
Comandante volta com um revólver na mão. CAM FOCA no revólver,
DESFOCANDO o resto. CAM RETORNA AO ESTADO INICIAL.
COMANDANTE
– Pronto!
Acabou o intervalo dos presidiários! Vamos lá... E a fila que io pedi? Quem
será o primeiro?
Ele olha e vê um homem muito aflito. Ele se aproxima do homem e
olha para ele.
COMANDANTE
– (cont.)
Corda... Me deem uma corda! (grita) Rápido!
HOMEM – Por Dio
Santo, non faça nada comigo!
Um outro homem entrega a corda para o Comandante. Ele começa a
amarrar o homem. TEMPO. Ele todo amarrado. Comandante se afasta.
COMANDANTE
– É
1, é 2, é 3 e...
Comandante dispara um tiro no homem, que cai diretamente no
oceano pela pressão do tiro. Todos assustados. Uma mulher grita e chora.
MULHER – Maledetto!
Assassino!
Comandante aponta a arma para ela e dispara mais um tiro. Ela
cai morta no chão.
COMANDANTE
– Próximo!
FOCA em sua feição fascista. CORTA PARA/
CENA 12/
CASA DO PREFEITO DE MONTE VELHO/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Afonso dentro da casa cumprimentando o prefeito GASPAR (velho de
80 anos, cabelos brancos, terno). Eles se sentam no sofá.
GASPAR – Já estava
sentindo a tua falta, Barão. Pensei até que tinha voltado para a Itália.
AFONSO – Ando bem ocupado
com os meus negócios com a capital, Dr. Gaspar.
GASPAR – Há algum
motivo especial para sua visita a minha casa?
AFONSO – Quero ser
rápido e direito... Quero ser candidato a prefeito de Monte Velho!
Gaspar se espanta. Afonso com um sorriso no rosto.
GASPAR – Tem certeza
de que quer isso?
AFONSO – Tenho, mas
por que de tanta indignação?
GASPAR – A
prefeitura está quebrada. Os tempos monárquicos acabaram. As pessoas vivem nos
pedindo seus direitos. A república vai de mal a pior.
AFONSO – E isso
seria motivo para desistir da democracia, Gaspar? Olha, já ouviu falar que os
melhores políticos são aqueles que fingem tudo. Fingem programas sociais,
fingem boas condições de vida, mas na verdade é tudo ilusão. O que falta nos
políticos é a atuação, caro Gaspar.
GASPAR – E o seu
segredo? Sabe que ele pode vir a tona com essa sua candidatura!
AFONSO – Nada mais
me importa, Gaspar. E tenho dito... Não vou revogar na minha decisão! Serei
candidato e ganharei as eleições municipais!
Closes alternados. CORTA
PARA/
CENA 13/ STOCK-SHOTS/
MONTE VELHO/ EXT.
ANOITECE. TAKES DA CIDADE MOVIMENTADA.
PESSOAS SAINDO DE SEUS TRABALHOS. TAKE FINAL NA FACHADA DO MONTE PRAZER.
CORTA PARA/
CENA 14/
MONTE PRAZER/ NOITE/ INT./ SALÃO.
Luzia sobe no palco. Todos aplaudem.
LUZIA – Sejam
bem-vindos! Estamos com uma promoção especial... Aproveitem, queridos!
MÚSICA AMBIENTE. Luzia vê Maria Tereza lá de cima. Ela se
assusta, desce do palco. Encara Maria Tereza.
LUZIA – (cont.) Se
quer saber a verdade me acompanhe!
Luzia e Maria Tereza sobem as escadas. CORTA PARA/
CENA 15/
MONTE PRAZER/ NOITE/ INT./ ESCRITÓRIO.
Luzia sentada em sua cadeira. Maria Tereza à frente encarando
Luzia.
M. TEREZA –
Pensei
que nunca mais veria você viva, querida irmã!
LUZIA – Como vão os
seus golpes, Tereza? Vi que pelo menos com o Barão ainda não deu certo!
M. TEREZA –
O
que eu sinto pelo Afonso é muito maior do que você pensa, Luzia.
LUZIA – Pois
diga... O que quer aqui? Ou resolveu mudar de lado?
M. TEREZA –
Poupe-me
de suas gracinhas.
LUZIA – Anda... Não
tenho muito tempo!
M. TEREZA –
Quero
saber tudo sobre/
LUZIA – (corta) Ela
está viva... Sua filha está viva! E está trabalhando comigo no Bordel. Maria
Tereza, a sua filha tem um caso com Afonso!
Maria Tereza perplexa. Luzia sem reação. Closes alterados.
FIM
DO CAPÍTULO
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