sábado, 20 de agosto de 2016

Capítulo 9: Um dia de cada vez

CENA 1. AP GILBERTO. SALA. INTERIOR. DIA.
Continuação imediata da ultima cena do capítulo anterior. BRUNO conversa com GILBERTO sobre RAFAELA.

BRUNO —E então seu Gilberto? O senhor permite o namoro entre mim e sua filha?

GILBERTO — Eu não sei garoto! Eu não te conheço e minha filha nunca falou de você!

BRUNO — Eu sei disso! Mas eu gosto muito de Rafaela! Eu quero muito namorar com ela, mas só posso fazer isso com a sua permissão!

GILBERTO — Você não está querendo se aproveitar dela, ou está?

BRUNO — Não! Eu estou apaixonado por ela! Apaixonado de verdade! Eu amo sua filha, seu Gilberto!

GILBERTO — Você tem certeza de que está mesmo falando a verdade?

BRUNO — Estou sim! Eu nunca amei tanto uma pessoa como amo sua filha!

GILBERTO olha pra RAFAELA, que segura o riso. BRUNO percebe.

BRUNO — (PARA RAFAELA) Por que você está rindo Rafaela? Eu falei alguma coisa errada?

GILBERTO então olha pra ele e começa a rir.

BRUNO — Eu continuo sem entender nada! Por que vocês estão rindo?

RAFAELA — Meu pai está brincando com você meu amor!

GILBERTO — É verdade Bruno! Eu estou brincando! Minha filha já falou de você pra mim, várias vezes! E eu gostei de você antes mesmo de te conhecer, por que nunca na minha vida eu vi minha filha falar tão bem de uma pessoa como ela falou de você!

BRUNO olha pra RAFAELA, sorri pra ela, que retribui.

GILBERTO — Ela disse que você a defendeu no primeiro dia de aula...

RAFAELA — Não só no primeiro dia de aula! Ele chegou a parar na diretoria por minha causa!

GILBERTO — (PARA ELA) Mas isso você não me contou!

BRUNO — Mas foi realmente isso que aconteceu! Eu fui mesmo pra diretoria! Mas não por causa dela e sim por causa de uns babacas que estavam tirando onda com a cara dela. Aí não pude me conter.

GILBERTO — (FELIZ) Estou muito orgulhoso de você menino! Eu tenho certeza de que você vai ser um excelente namorado pra minha filha! E um excelente genro também!

GILBERTO sorri.

BRUNO — (SORRI) Então isso quer dizer que...

GILBERTO — Que sim! Eu autorizo você a namorar minha filha!

BRUNO — (FELIZ) Muito obrigado seu Gilberto! Eu tenho certeza de que o senhor não vai se arrepender!

Eles dão um aperto de mão e se abraçam em seguida. BRUNO vai até RAFAELA e ambos se beijam felizes. GILBERTO observa os dois sorrindo, contente por ver sua filha feliz.

CENA 2. SALVADOR. PLANOS GERAIS.
Planos gerais da cidade ao anoitecer. Depois mostrar a cidade amanhecendo, e logo depois anoitecendo de novo.

CENA 3. MANSÃO LIDIANE. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.
Plano da mansão, iluminada por vários jogos de luzes.
CENA 4. MANSÃO LIDIANE. QUARTO BEATRIZ. INTERIOR. NOITE.
BEATRIZ se arruma, em frente ao espelho. Logo AMANDA entra no quarto de repente.

AMANDA — E então amiga? Animada?

BEATRIZ — Posso ser sincera?

AMANDA — Claro!

BEATRIZ — Não estou nem um pouco afim dessa festa!

AMANDA — (SE SENTA NA CAMA) Você ainda tá pensando naquela história do Bruno? Esquece isso Beatriz, pelo amor de Deus! Hoje é uma noite alegre, de festa! Esquece isso pelo menos essa noite, por favor!

BEATRIZ — Eu não consigo Amanda! Não consigo! Aquela briga que eu tive com Bruno foi muito forte! Não vou conseguir esquecer isso tão cedo!

AMANDA — Pelo menos tenta Beatriz! Faz um esforço! Finge pelo menos que está feliz com a festa. Sua mãe gastou muito em tudo isso aqui! Se ela te ver triste, pra baixo, vai pensar que fez tudo em vão.

BEATRIZ — Você tem razão! É melhor eu me esforçar pra esquecer o Bruno! (T) Será que ele vem?

AMANDA — Se você quer esquecer ele, não pode ficar pensando se ele vem ou não!

BEATRIZ — (SEM PACIÊNCIA) Eu tô falando sério Amanda!

AMANDA — Sei lá se ele vem! Deve vir!

AMANDA vai até BEATRIZ e a puxa pela mão, fazendo ela se levantar da cadeira.

AMANDA — Agora vamos descer por que daqui a pouco o povo tá chegando!
BEATRIZ — (MEIO DESANIMADA) É verdade! Vamos!

Elas saem do quarto.

CENA 5. CASA ANDRÉ. QUARTO DELE. INTERIOR. NOITE.
ANDRÉ vem do banheiro, às pressas pra sair. Ele anda de um lado pro outro.

ANDRÉ — (PROCURANDO) Ai meu Deus, as chaves do carro! Aonde eu coloquei as chaves do carro?!

Ele continua procurando até que encontra as chaves em cima do criado mudo.

ANDRÉ — (SATISFEITO) Maravilha! Agora eu só preciso ligar pra gata!

Ele tira o celular do bolso e começa a discar.

CENA 6. CASA RENATA. QUARTO DELA. INTERIOR. NOITE.
RENATA no quarto termina de se arrumar. Ela veste roupas deslumbrantes, típicas de menina rica.

RENATA — (PARA SI) Espero que essa festa venha bem a calhar! Essas roupas de riquinha custaram uma fortuna.

Seu celular começa a tocar. CLOSE no visor, mostrando que é André que está ligando pra ela. Renata atende.

RENATA — (CEL) Oi meu amor!

Alternar cena durante a conversa deles.

ANDRÉ — (CEL) E aí gata, tá pronta?

RENATA — (CEL) Eu tô sim André!

ANDRÉ — (CEL) Então eu vou passar aí pra te pegar! Estou saindo agora daqui!

RENATA — (CEL) Não! Não precisa!

ANDRÉ — (CEL/ESTRANHA) Por quê?
RENATA — (CEL) Eu estou aqui me decidindo com que sapato eu vou! Talvez eu demore um pouco!

ANDRÉ — (CEL) Não tem problema amor! Eu espero você!

RENATA — (CEL) Não precisa André! Sério! Eu sou muito insuportável pra essas coisas de escolher sapato. Vou demorar demais aqui e acabar te deixando impaciente!

ANDRÉ — (CEL) Já disse que não tem problema! Somos namorados agora, eu tenho que me acostumar com essas coisas!

RENATA — (CEL) Muito bem! Então se você não quiser que o nosso namoro acabe agora, me ouve e me entende de uma vez por todas! Não precisa vir me buscar! Eu vou sozinha pra festa e a gente se encontra lá, estamos entendidos?

ANDRÉ — (CEL/BRINCA) Tudo bem! Não precisa ficar nervosa! Não está mais aqui quem falou. Eu vou pra festa de Beatriz então! A gente se encontra lá, tá certo?

RENATA — (CEL) Tá ótimo! Agora eu vou ter que desligar meu amor, tenho que terminar de me arrumar! Beijo!

Ela desliga o celular. RENATA põe ele dentro de uma bolsinha e sai do quarto.

CENA 7. CASA RENATA. SALA. INTERIOR. NOITE.
JULIANA assiste televisão enquanto toma uma xícara de café. RENATA vem do quarto.

RENATA — Mãe, eu já tou indo! Como estou?

JULIANA — Lindíssima minha filha!

RENATA — Obrigada! Fica bem, qualquer coisa é só me ligar que venho correndo!

RENATA dá um beijo na mãe e sai. JULIANA continua assistindo a Tevê.
CENA 8. CASA GÉSSICA. SALA. INTERIOR. NOITE.
VAGNER termina de se arrumar. Está prestes a sair de casa. GÉSSICA que está de roupão observa. HELENA que está sentada no sofá também observa.

VAGNER — Então como estou?

HELENA — Muito bonito meu filho!

VAGNER — (CONTENTE) Valeu mãe! E você Géssica, não vai dizer nada?

GÉSSICA — Eu vou dizer sim meu irmãozinho! (VAI ATÉ ELE E COMEÇA A AJEITAR A GOLA DA CAMISA) Se você se arrumou pra se aparecer praquela negrinha, até que pra uma pessoa como ela, você está um príncipe! Arrasou!

HELENA — Géssica, não fale assim da namorada do seu irmão!

GÉSSICA — Não estou dizendo nenhuma mentira mamãe! Ah, e vocês oficializaram o namoro, é isso mesmo?

VAGNER — A gente tá namorando sim! Namorando sério! Agora eu já vou indo!

VAGNER vai até HELENA e lhe dá um beijo.

VAGNER — Tchau mãe!

HELENA — Tchau meu filho! Divirta-se!

VAGNER — Pode deixar!

Ele vai até GÉSSICA e lhe dá um beijo na bochecha.

VAGNER — TchauGéssica!

GÉSSICA — Tchau!

Ele sai. GÉSSICA tira o roupão, revelando que estava arrumada o tempo inteiro. Ela desprende e solta o cabelo. HELENA fica boquiaberta.

GÉSSICA — Agora quem tá de saída sou eu!

HELENA — Aonde você pensa que vai Géssica?

GÉSSICA — Pra festa ué!

GÉSSICA vai até um espelho e começa a passar batom nos lábios.

HELENA — Mas você não foi convidada Géssica! Vai fazer o quê lá?

GÉSSICA — A senhora acha mesmo que eu perderia essa festa? Mas nem morta! Eu tenho umas contas a acertar com Beatriz e a mosca morta da Rafaela!

HELENA — (TEMEROSA) Minha filha, você só vai trazer problemas agindo desse jeito!

GÉSSICA — Relaxa mãezinha, eu sei o que tô fazendo!

HELENA — Olha minha filha, se você for presa/

GÉSSICA — (CORTA COM CINISMO) Eu ligo pra senhora e mando me tirar da cadeia, afinal a senhora é advogada, não?

HELENA — (PERDE A PACIÊNCIA) Você não vai pra essa festa Géssica! Você não vai, por que eu não vou permitir!

GÉSSICA — (EMPURRA HELENA) Me solta! Vai cuidar daquele velho bêbado com quem a senhora teve a burrice de se casar e me deixa em paz!

GÉSSICA dá a última olhada pra HELENA e vai embora. HELENA fica aflita.

HELENA — Meu Deus, essa menina vai fazer besteira e vai acabar se ferrando! Eu tô sentindo isso!
Close nela aflita.

CENA 9. MANSÃO LIDIANE. JARDINS. EXTERIOR. NOITE.
BEATRIZ recebe os convidados que vão chegando, sempre tentando disfarçar seu desânimo com um sorriso no rosto. AMANDA aparece e vai falar com ela.

AMANDA — E então?!

BEATRIZ — Nada do Bruno!

AMANDA — Relaxa amiga! Daqui a pouco ele aparece!

BEATRIZ — Será que ele vai vir mesmo?

AMANDA — Ainda tem muita gente pra chegar. Com certeza Bruno vai vir também! Agora relaxa e lembre-se: hoje é uma noite de festa!

BEATRIZ — Tá bem! Não vou mais esquecer!

Nesse momento, PAULA e MARCELO chegam à festa. BEATRIZ vai recepciona-los. PAULA cumprimenta BEATRIZ e AMANDA. MARCELO faz o mesmo.

PAULA — Amiga, a festa tá um arraso! A decoração, tudo! Você arrasou, sambou com salto 15 na cara das inimigas!

BEATRIZ — (RI) Ai amiga, só você pra me fazer rir uma hora dessas. Mas não fui eu que planejei tudo! Foi minha mãe, esqueceu?

PAULA — Ah, verdade! Eu tinha me esquecido! Mas enfim, ela arrasou! Esqueci de te apresentar: Esse aqui é Marcelo.

BEATRIZ — (CUMPRIMENTA-O NOVAMENTE) Prazer Marcelo.

MARCELO — O prazer é todo meu!

BEATRIZ — Então é esse o surfista gostosão de quem você tanto falava?

MARCELO — (SORRI PRA PAULA) Você me acha gostosão?

PAULA fica sem graça.

BEATRIZ — Só gostosão não! Muitas coisas mais!

PAULA — (REPREENDE) Beatriz!

BEATRIZ — Não precisa ficar sem graça na frente dele não amiga! Faz que nem Laurinha Figueroa e se joga! Bom, eu agora tenho que ir lá dentro. Vou checar se tá tudo em ordem! (PARA AMANDA) Vamos!

AMANDA sai com BEATRIZ. PAULA fica sozinha com MARCELO.

MARCELO — Eu não sabia que você achava tudo isso de mim!

PAULA — É tudo invenção dela! Beatriz adora inventar história!

MARCELO chega mais perto de PAULA, aproximando seu rosto no dela, olhando em seus olhos.

MARCELO — Então tudo isso é mentira?! Você não acha que eu sou o surfista mais gostoso daquela praia, é isso?

PAULA — (OLHANDO NOS OLHOS DELE) É mentira sim! Eu te acho muito mais que gostoso! Eu queria ter olhos de raio x pra ver o que tem debaixo dessa sua roupa agora!

MARCELO — (SE AFASTA) Eu sabia que era mentira!

PAULA — (CAI EM SI) Meu Deus, o que foi que eu disse? O que foi que eu falei?

MARCELO — (AGARRA ELA) Para com isso Paula!

MARCELO a agarra e lhe tasca um beijão. Logo BRUNO aparece com RAFAELA que está com trajes não belos.

BRUNO — Boa noite gente! Pelo visto a noite de vocês começou com o pé direito hoje!

MARCELO e PAULA param de se beijar.

PAULA — Pois é Bruno! (PARA RAFAELA) Tudo bom Rafa?

RAFAELA — Tudo ótimo!

BRUNO — (PARA MARCELO) Uma surpresa encontrar você aqui meu irmão!

MARCELO e BRUNO se abraçam. PAULA e RAFAELA olham, estranhando.

PAULA — Vocês já se conhecem?

BRUNO — Claro que sim! Marcelo é meu irmão!

PAULA — (SURPRESA) Vocês são irmãos?

RAFAELA e PAULA ficam surpresas. BRUNO e MARCELO se olham rindo.

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 10. MANSÃO LIDIANE. JARDINS. EXTERIOR. NOITE.
Continuação da cena anterior. BRUNO e MARCELO conversam com PAULA e RAFAELA.

MARCELO — Eu e Bruno somos irmãos sim!

BRUNO — Mas não somos irmãos biológicos!

PAULA — Ah, não?

MARCELO — Não... Acontece que eu sou adotado!

PAULA — (ENTENDE AGORA) Ah!

MARCELO — A mãe de Bruno me adotou meses antes de descobrir que estava grávida.
RAFAELA — Mas você se refere a ela desse jeito porque? Ela não é sua mãe também?

MARCELO — Nem tanto. Na verdade ela só me adotou por adotar. Ela nunca me deu amor, amor de mãe de verdade. A vida toda ela se desfez de mim e eu nunca entendi o porquê.

BRUNO — (EM CIMA) Mas não vamos falar disso agora! Afinal, hoje é uma noite de festa. Não vamos ficar aqui falando de coisas tão tristes.

MARCELO — Pra falar a verdade mano, eu nem ligo mais pra essas coisas, mas você tem razão: é uma noite de festa, então vamos aproveitar somente as coisas boas hoje!

Todos sorriem um pro outro. Nesse momento CÂMERA vai pegar AMANDA que observa eles de longe.

CENA 11. MANSÃO LIDIANE. SALA. INTERIOR. NOITE.
BEATRIZ está conversando em off com um dos garçons. AMANDA vem da cozinha. BEATRIZ nota isso. Ela encerra a conversa com o garçom e vai até Amanda.

BEATRIZ — E aí, alguma novidade?

AMANDA — Bruno e Rafaela chegaram. Estão lá no jardim conversando com Paula e Marcelo.

BEATRIZ — (CONTENTE) Que bom! Que bom que vieram!

AMANDA — Você não vai lá falar com eles?

BEATRIZ — Vou sim! Só preciso ir lá em cima no meu quarto. Depois vou passar no quarto da minha mãe pra falar com ela. Aliás, ela não desceu até agora, que estranho! (T) Bom, eu vou lá em cima, daqui a pouco eu desço.

AMANDA — Tá bem!

BEATRIZ sobe as escadas e AMANDA volta pro jardim.

CENA 12. MANSÃO LIDIANE. PORTARIA. EXTERIOR. NOITE.
O porteiro está com uma ficha nas mãos, recebendo cada convidado que vai chegando. VAGNER e NATÁLIA chegam de repente.
PORTEIRO — Nomes.

VAGNER — Vagner.

NATÁLIA — Natália.

PORTEIRO — Os nomes estão na lista! Podem entrar! 

Os dois entram. Tempo. GÉSSICA chega também.

PORTEIRO — Seu nome?

GÉSSICA — Géssica!

PORTEIRO — (PROCURA) Não tem esse nome aqui!

GÉSSICA — Procura direito moço! Géssica com G.

PORTEIRO — Não tem esse nome aqui minha filha! Não tem nem Jéssica com J, que dirás com G.

GÉSSICA — Mas isso é um absurdo!

PORTEIRO — Eu sinto muito, mas não vou poder deixar você entrar!

GÉSSICA — Mas eu sou a melhor amiga de Beatriz! Somos bestfriendsforever! O senhor tem que deixar eu entrar aí!

PORTEIRO — Você poderia ser a avó dela. Sem nome na lista, sem entrada liberada!

GÉSSICA — Mas isso é um absurdo moço! O senhor precisa me deixar entrar! Eu sou vip!

PORTEIRO — Sinto muito, mas não!Ordens de dona Beatriz!

GÉSSICA — Você não tá entendendo! Eu sou amiga dela!

PORTEIRO — Se você fosse mesmo amiga dela seu nome estaria na lista! Agora por favor, se retire, senão serei obrigado a chamar os seguranças!

GÉSSICA — (EMBURRADA) Seu pedaço de cavalo!

GÉSSICA sai dali, emburrada.

CENA 13. MANSÃO LIDIANE. FRENTE. EXTERIOR. NOITE.
GÉSSICA em frente à mansão, longe da portaria, começa a pensar.

GÉSSICA — (PARA SI) Meu Deus, eu preciso entrar aí dentro! Preciso me vingar de Beatriz e destruir aquela mosca morta da Rafaela! Mas como vou fazer isso? Eu preciso pensar, preciso/...

Ela para de falar quando vê uma serviçal saindo da mansão e se esconde. CORTA PARA a serviçal que vai jogar o lixo numa lixeira próxima. GÉSSICA chega por trás e lhe dá uma cacetada na cabeça. A serviçal desmaia. CORTA NOVAMENTE para GÉSSICA que já está vestida com os trajes de serviçal e consegue entrar na mansão.

CENA 14. MANSÃO LIDIANE. SALA. INTERIOR. NOITE.
GILBERTO entra na mansão. JUCILENE aparece e o recebe.

JUCILENE — O senhor precisa de alguma coisa?

GILBERTO — (SURPRESO) Jucilene!

JUCILENE — (ESTRANHA) O senhor me conhece?

GILBERTO — (DISFARÇA) Não! Quero dizer, eu só te conheço de vista! Lidiane! Eu sou muito amigo dela e ela fala muito de você!

JUCILENE — Ah!

JUCILENE fica a olhar pra GILBERTO. Ele percebe.

GILBERTO — O que foi?

JUCILENE — Eu não sei por que, mas parece que eu já conheço o senhor de algum lugar! Só não me lembro de onde.

GILBERTO — Normal! Todos me dizem a mesma coisa! Lidiane está aí?

JUCILENE — Está sim! Lá em cima no quarto dela!

GILBERTO — Se não fosse muito incômodo, será que você não poderia me levar lá pra falar com ela?

JUCILENE — Claro que não! Me acompanhe!

JUCILENE sobe as escadas. GILBERTO a segue.

2º INTERVALO COMERCIAL


CENA 15. MANSÃO LIDIANE. QUARTO DELA. INTERIOR. NOITE.
LIDIANE está sentada na cama olhando porta retratos e álbum de fotos antigos. Ela ouve batidas na porta. JUCILENE entra com GILBERTO.

JUCILENE — Dona Lidiane, esse senhor quer falar com você!

LIDIANE — (FELIZ) Entra Gilberto!

GILBERTO entra.

JUCILENE — Eu vou voltar lá pra baixo, precisar é só chamar!

JUCILENE sai, fechando a porta. GILBERTO se aproxima.

GILBERTO — Tá fazendo o quê aqui em cima? Não vai descer?

LIDIANE — Vou! Eu estava procurando um sapato, daí eu achei uma caixa com esses álbuns antigos. (MOSTRA) Olha só: Eu quando estava grávida da minha primeira filha.

CAM detalha a foto: Lidiane mais jovem, grávida.

LIDIANE — Aqui eu estava grávida da minha primeira filha. Eu estava grávida de Ivan, meu primeiro marido! E o homem que arruinou a minha vida.

GILBERTO fica nervoso e triste.

GILBERTO — Esse homem arruinou a sua vida? O que ele fez de tão ruim assim pra você ter raiva dele?

LIDIANE — Ele tirou de mim o bem mais precioso: minha filha! (T) Foi isso o que ele fez! (T) Aquele desgraçado!

GILBERTO — (EM TOM DE INDIGNAÇÃO) Mas como assim ele tirou sua filha?

LIDIANE — Eu dei à luz na nossa lua de mel! Eu desfaleci e quando acordei estava no hospital, sem minha filha nos meus braços e sem meu marido ao meu lado! Ele fugiu com a minha filha! Eu ainda descobri que ele era foragido da polícia, que era um golpista/... Ele queria me dar um golpe! Ele se casou comigo só pra me dar um golpe! Mas eu ainda tenho fé que vou encontrar aquele desgraçado, vou ter a minha filha de volta, e quando isso acontecer... Eu vou acabar com a vida dele!

GILBERTO fica nervoso com o que ela diz.

GILBERTO — (NERVOSO) Vai ver esse homem... Ele deve ter pensado que você teria morrido no parto, daí levou a sua filha, que por sinal era filha dele também/...

LIDIANE — (CORTA) Mas ele não tinha o direito de levar de mim o que não era dele!

GILBERTO — (SEM REAÇÃO) O quê?! Como assim não era dele? Do que você está falando?

LIDIANE — A criança que o Ivan levou com ele, a minha filha... Ela não era a filha dele!

GILBERTO — (SURPRESO) O quê?! Não era a filha dele?

LIDIANE — Não! Eu menti! Eu nunca estive grávida dele! Nunca estive grávida de Ivan!Essa é a verdade!

Uma lágrima escorre do rosto de GILBERTO que enxuga rapidamente e senta na cama sem reação. LIDIANE continua a falar.
LIDIANE — Mas aí eu consegui voltar pra cá e reconstruir a minha vida! Quando cheguei aqui descobri que meu pai tinha morrido e quando voltei do cemitério na última despedida que fiz a ele...

CORTA RÁPIDO pro outro lado da porta. Descobrimos que BEATRIZ estava ouvindo a conversa do outro lado o tempo todo.

LIDIANE — (OFF/CONTINUA) ... Eu encontrei uma criança, um bebê abandonado num bueiro. Era uma menina!

BEATRIZ põe a mão na boca, surpresa.

LIDIANE — (OFF) Eu decidi dar meu amor de mãe praquela criança! O amor que eu não dei pra minha filha de sangue! E eu adotei aquela criança! Dei a ela o nome que eu pretendia dar pra minha filha de sangue: Beatriz!

BEATRIZ começa a chorar, sem acreditar no que está ouvindo. CORTA NOVAMENTE pro interior do quarto. BEATRIZ abre a porta. LIDIANE a vê.

LIDIANE — (SURPRESA) Beatriz?!

BEATRIZ — (CHORANDO) Eu ouvi a conversa toda do outro lado da porta!

LIDIANE — (ABALADA) Minha filha/

BEATRIZ — (CORTA CHORANDO) Por que você escondeu isso de mim a minha vida toda? (T) Por que você nunca me contou que eu era adotada? (GRITA) Por que você sempre mentiu pra mim? Fala!

CLOSES nas reações de GILBERTO, LIDIANE e BEATRIZ.

FIM
































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