CAPÍTULO 010
CENA 1/ HOSPITAL/
DIA/ INT/ UTI
Fade in;
Continuação
imediata da última cena do capítulo anterior;
Enrico abre
os olhos e fica parado. Carolina parada observando.
CAROLINA - Enrico?!
ENRICO - (com dificuldade na fala) Milla...
CAROLINA - Deve ser a mulher dele... Fique
calmo... Eu vou chamar a enfermeira.
Carolina
sai da sala. Enrico com os olhos arregalados.
ENRICO - (com dificuldade na fala) Milla...
Carolina
entra na sala com uma enfermeira. A enfermeira aplica a injeção no soro. Enrico
fica agitado/
CAROLINA - (segurando Enrico) Calma!
Calma! Vai ficar tudo bem. Eu não vou deixar que nada de mau aconteça com você!
Fique tranquilo... Confia em mim!
Os dois se
encaram/
Sonoplastia:
NUNCA RAZÃO – Deena Love.
Corta para:
CENA 2/
MANSÃO DOS PASTEUR/ DIA/ INT/ SALA DE ESTAR.
Maya,
aflita, sentada no sofá, com uma bolsa pendurada no ombro. Rebecca desce as
escadas. Maya se levanta e fica de frente a mãe.
REBECCA - A empregada disse que você queria
falar comigo. É algo sério?
MAYA - Na minha concepção sim, mas parece
que na sua não!
REBECCA - Pois então sente-se. Vou pedir a
empregada que faça um café...
MAYA - (corta Rebecca) Não
precisa... Vou ser rápida e direta!
REBECCA - Sinceramente?! Não estou entendendo
essa sua cara séria.
MAYA - Mas agora você vai entender...
Lembra da Tia Maria Fernanda, querida mamãe?
REBECCA - (finge) Sim... E o que tem?
MAYA - (brava) Não se faça
de cínica, mãe. Você é uma criminosa!
REBECCA - O que é isso? Como ousa em falar
assim comigo?
MAYA - Aqui não vos falar uma filha
correta, mas uma delegada justa!
REBECCA - Ah sim, agora eu estou
entendendo...
MAYA - É bom mesmo que entenda. Aliás,
como pôde ter roubado todo o dinheiro do papai sem sequer sentir alguma culpa?!
Eu estou decepcionada com você.
Rebecca ri
e estende as mãos para Maya, que fica sem entender/
REBECCA - Pois então está bem... Me leve...
Prenda-me de uma vez, vai, faz o que você sempre quis fazer. Mate o que resta
de amor dentro desse seu coração, mate tudo o que eu fiz por você e pela
ingrata da sua irmã.
MAYA - Eu não vou te prender, mas por
respeito... Por respeito a tudo o que você fez por mim. Mas você vai ter que me
contar... Anda... Me conte tudo o que aconteceu naquele dia!
Rebecca
começa a relembrar;
FLASHBACK
Rebecca desce as escadas rapidamente. Uma redonda mesa de vidro
transparente localizada no canto direito da sala de estar/
REBECCA - (grita) Silene! Tem alguma carta?
(espera alguns segundos) Ué? Será que a Silene não veio hoje?!
Rebecca vai até a mesa, e vê uma carta em cima da mesma. Ela pega-a
e abre-a.
Querido sobrinho,
Eis que não poderia partir sem o brinde de lhe deixar uma parcela,
mesmo que pequena, de toda minha fortuna, a qual seu pai me ajudou a construir.
Fiquei sabendo que você agora tem filhas gêmeas, pelo o que me falaram se
chamam Maya e Carolina... Nomes lindos e angelicais! Oh meu sobrinho, como eu
queria ter o desfrute de conhecê-las, mas não será possível. O maldito câncer
me pegou de jeito, tão forte, que nem mesmo os médicos me deram esperanças.
Quando se vê a morte de perto, tenha certeza sobrinho, é muito mais sereno. Eu
sei que vou partir a qualquer momento, e eu sei do que vivi ao lado daqueles
que amo aqui na Terra. Se existe vida pós-morte, se existe reencarnação, eu
queria muito poder voltar como sua tia novamente, em poder cuidar de você, em
poder sentir seu doce olhar quando criança. Enfim, na minha conta estão
depositadas 50 milhões de dólares. Fique à vontade para tirar, a senha é 1408.
Te amo muito, eu e lá do céu, o seu tio Edgar.
Assinado:
Maria Fernanda Medeiros.
Rebecca se assusta, e guarda a carta entre os peitos. A câmera se
aproxima em seu rosto.
REBECCA - Essa mulher não é rica... Essa mulher é milionária! Eu
preciso dar um jeito nisso! Dessa vez eu não vou apenas pegar esse dinheiro,
essa é a parte mais fácil... Eu vou limpar minha honra, e ainda vou sair por
cima e me tornar ainda mais poderosa!
Rebecca ajeita seus cabelos com as mãos, e sai da casa.
Local frio, coisas modernas. Rebecca entra e senta-se a frente de uma
mulher (olhos castanhos e brilhantes, cabelos presos em um coque, vestido
formal, com um belo blazer azul), que está à frente de um computador, sem
desviar o olhar/
MULHER - O que a senhora quer de tão importante... Pensei até
que fosse algo relacionado ao dinheiro que a senhora tem em sua poupança...
Mandei analisar tudo, mas me parece que estudo anda bem, como o planejado...
Portanto, o que trás a senhora até aqui?
Rebecca tira de sua bolsa um papel, e entrega diretamente as mãos da
mulher, que começa a ler.
REBECCA - Como à senhora deve estar lendo aí, venho em nome da
minha tia! Coitada, tão jovem, e acabou falecendo deste maldito câncer! Toda
minha família está muito abalada, senhora, portanto tomei a iniciativa de vir
até aqui e pegar a quantia a qual me é de direito!
A mulher se silencia por segundos, mas entrega o papel novamente a
Rebecca/
MULHER - Está bem! Na verdade, eu não poderia estar fazendo
isso, mas como à senhora sempre está nos ajudando muito, e eu na condição de
gerente desse banco, deixarei que a senhora retire a quantia a qual lhe é de
direito... Mas, por precaução, eu preciso que a senhora me apresente algum
documento que prove tal parentesco, mesmo que seja apenas no sobrenome. Afinal,
não é qualquer um que possui ‘Pasteur’ no nome!
Rebecca tira os documentos, também da bolsa, e entrega novamente as
mãos da mulher. A mulher sorri, e devolve-os nas mãos de Rebecca.
MULHER - (cont.) Ótimo! Está bem! Agora pode
ir! Está tudo andando perfeitamente... Pode retirar a sua quantia em dinheiro!
REBECCA - Muito obrigada! Com licença!
Rebecca levanta-se e se retira do local.
Corta para:
Um homem ABRE a porta, e Rebecca ENTRA na sala (escura e sombria)
com cofres, que mais parecem gavetas.
HOMEM - Na segunda gaveta, senhora. Olha, pode ficar tranquila, os cofres
são medidas bem seguras para que não haja nenhuma invasão tecnológica!
REBECCA - Por favor, agora eu prefiro que o senhor se retire! O
que tem nesse cofre é muito mais valioso do que você imagina.
O homem sai da sala, e fecha-a. Um enorme ECO no momento em que a
porta se fecha. Rebecca localiza a sequência 1408. O cofre se abre. Vários
bolos de dinheiro. Os olhos de Rebecca brilhando, refletindo todo dinheiro. Ela
pega um bolo de dinheiro nas mãos, e o aperta fundo/
REBECCA - (sussurrando/ emocionada) EU ESTOU AINDA MAIS RICA!
A câmera se aproxima no olhar doentio de Rebecca/
Volta a
cena;
MAYA - (chorando) Friamente...
Você cometeu tudo isso friamente. Eu tenho vergonha de você!
REBECCA - (grita) Me entenda... Tudo isso foi
para o bem de todos nós. Com o dinheiro da sua tia eu consegui pagar todas as
despesas.../
MAYA - (corta) Tem
razão... Com o maldito dinheiro da minha tia você conseguiu pagar as despesas
da morte do meu pai, não é mesmo?!
REBECCA - Você está me faltando com respeito!
Eu vou embora deste país, e você... É... Você vai assumir as empresas do seu
pai!
MAYA - Não precisa falar duas vezes. Farei isso
com o maior orgulho, eu é que não quero você mais um segundo nos comandos das
Empresas Pasteur. Você já se mostrou ladra demais...
Rebecca dá
um tapa na cara de Maya. Ela passa a mão no rosto.
MAYA - (cont.) Que esse
tapa represente todo o meu desprezo por você!
As duas se
encaram. Carolina entra na mansão/
CAROLINA - O que está acontecendo aqui?
Maya,
chorando, abraça Carolina. Rebecca aplaude/
REBECCA - Isso mesmo... Se unam contra mim,
contra a mulher que criou vocês, que deu a luz a vocês. Uma verdadeira corja de
traidoras!
FOCA em
Maya, Carolina e Rebecca trocando olhares/
Corta para:
CENA 3/
APTO. DE DEMÉTRIUS/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Demétrius e
Tadeu sentados no sofá, um agarrado no outro, assistindo TV, e comendo pipoca.
DEMÉTRIUS - Eu to realizando um sonho, sabia?!
TADEU - Eu também. Nunca tinha pensado que
me apaixonaria assim por alguém!
DEMÉTRIUS - E eu então... Galinhava por aí. Não
queria saber de nada a não ser piranhar!
TADEU - (beija Demétrius) Eu te
amo... Amo mais que tudo!
DEMÉTRIUS - Eu também te amo, Tadeu. Amo
demais!
TADEU - Às vezes eu penso que estou sonhando,
mas aí eu acordo, e percebo que é realidade... Você do meu lado, vale mais do
que viver!
DEMÉTRIUS - Te quero.
Demétrius e
Tadeu se beijam apaixonadamente.
Corta para:
CENA 4/
AEROPORTO/ DIA/ EXT.
Um clima de
tensão. Rebecca com óculos escuros ao lado de Baltazar (pai de Geyse)e Geyse,
que empurra a cadeira de rodas do pai. O avião pousa, abre a porta, e os
passageiros vão entrando. Geyse nervosa. Rebecca forçando riso.
Corta para:
CENA 5/
APTO. DE MAYA/ DIA/ INT./ SALA DE ESTAR.
Maya,
nervosa, entra no apartamento e vai até a cozinha pegar água. Carolina se senta
no sofá. Maya retorna para a sala.
MAYA - Que ódio, Carolina. Como a minha
mãe, a mulher que me criou, foi capaz de fazer uma barbaridade dessa?! Me
explica!
CAROLINA - Você precisa de acalmar. Eu tive
uma atitude parecida com a sua, mas depois me acalmei. Você não pode se
desesperar.
MAYA - E eu, uma burra, acreditando que
minha mãe fosse a pessoa mais certa desse mundo. Eu sou uma idiota mesmo.
CAROLINA - É difícil acreditar...
MAYA - É isso... Eu não confio mais nela.
Eu descofio do caráter dela, do caráter que ela se faz passar.
CAROLINA - Infelizmente, eu tenho que
concordar!
Corta para:
CENA 6/ AEROPORTO
DE LONDRES/ NOITE/ EXT.
O avião
pousa. Os passageiros vão saindo. Rebecca, Geyse e Baltazar saem em seguida.
Corta para:
CENA 7/
HOTEL/ NOITE/ INT./ QUARTO DE HOTEL.
Geyse chega
e se senta na cama. Rebecca tira os óculos escuros e observa Geyse.
GEYSE - Até que enfim chegamos... Quando eu
começo a trabalhar, dona Rebecca?
REBECCA - (fria) Na próxima noite.
GEYSE - Noite? A senhora não tinha me
falado que trabalharia a noite.
REBECCA - Eu vou te deixar em uma dessas
esquinas qualquer. Olhe bem, se preocupe em trazer muitos homens para cá. Eu
preciso de muitos homens.
GEYSE - Peraí... Eu não to entendendo...
REBECCA - (grita) Então você quer que eu
desenhe?! Você vai se prostituir, garota. Eu preciso de homens aqui. Muitos
homens bonitos e sadios.
Geyse se
assusta e começa a chorar. Rebecca, friamente, levanta Geyse pela gola da
blusa.
REBECCA - (cont.) Dá pra parar de chorar, sua
filha da puta?!
GEYSE - (grita) ME SOLTA! SUA CACHORRA!
VAGABUNDA!
Geyse cospe
na cara de Rebecca, que vira um tapa em sua face.
REBECCA - Eu vou matar cada homem que você
trazer até aqui. Mandá-los para o inferno, e tirar todos os seus órgãos.
GEYSE - (grita) Eu fui burra! Como eu pude
ter caído nessa, meu Deus!
REBECCA - Você só sai daqui... MORTA!
Corta para:
CENA 8/
HOTEL/ NOITE/ INT./ CORREDOR.
Rebecca e
um capataz conversando. Geyse escutando atrás da porta.
REBECCA - Leve o velho até a clínica. Vamos
ver se dentro desse corpo podre dele, ainda há algo que se salve!
Geyse se
desespera dentro do quarto, gritando e pedindo socorro.
Corta para:
CENA 9/
MANSÃO DOS COSTA LIMA/ NOITE/ INT./ QUARTO DE HERBERT.
Herbert
está sozinho no quarto. Laurinha entra e o abraça.
HERBERT - Vai de retro, coisa ruim!
LAURA - Não sei por que você me maltrata
tanto. Você sabe que comigo está mais seguro do que com a outra lá, né?!
HERBERT - A sua inveja, a sua obsessão pela
Rebecca, me assusta, sabia?!
LAURA - E seu vício na perereca daquela
mulher também me assusta!
Corta para:
CENA 10/
MANSÃO DOS COSTA LIMA/ NOITE/ INT./ SALA DE ESTAR.
Olga e
Gilca sentadas no sofá, apreensivas.
OLGA - Eu tenho uma coisa pra te contar,
tia.
GILCA - Diga, minha filha.
OLGA - A Rebecca voltou a atormentar a
cabeça do papai, tia Gilca. Eu estou desesperada!
GILCA - (assustada) Mas essa
mulher não desiste nunca! Isso vai acabar em tragédia.
OLGA - Tenho medo que meu pai cometa
alguma loucura, tia.
GILCA - Se ele continuar assim, fissurado
por ela, tenha certeza... Ou ele ou ela sairão mortos dessa história!
As duas se
encaram.
Corta para:
CENA 11/
HOTEL/ NOITE/ INT./ QUARTO DO HOTEL.
Geyse
tentando fugir pela janela do quarto. Rebecca entra, e puxa a menina.
REBECCA - Vai lá, pamonha. Pula dessa janela,
se mata de uma vez.
GEYSE - Eu prefiro morrer do que ficar
perto de você.
REBECCA - Ah, mas quanto a isso fique
tranquila. Você vai morrer, mas agora me acompanhe. Tenho um presentinho pra te
dar.
Corta para:
CENA 12/
STOCK-SHOTS/ NOITE/ LONDRES.
Imagens da
movimentação a noite em Londres.
Corta para:
CENA 13/
CLÍNICA/ NOITE/ INT.
Rebecca
entra com Geyse na clínica. Tudo escuro.
REBECCA - Você vai adorar esse presentinho,
querida. É algo muito especial, tenha certeza!
Corta para:
CENA 14/
CLÍNICA/ NOITE/ EXT./ PÁTIO.
Um grande
TRONCO, daqueles da época da escravidão no Brasil, ficado ao chão. SANGUE em
volta dele. Geyse assustada. Rebecca rindo. Elas se aproximam do tronco. Geyse
TENTA fugir, mas não consegue.
REBECCA - Suba! Suba no tronco! Vamos brincar
de história!
Geyse sobe
no tronco, e COLOCA as mãos para cima. Rebecca a amarra no tronco, como se ela
fosse uma escrava. Ela pega um chicote IMENSO no chão, e rasga a roupa de
Geyse.
GEYSE - (grita) SEU DEMÔNIO!
REBECCA - Eis que agora verei o seu grito,
verei o seu choro, e verei a tua decadência!
Rebecca
CHICOTEIA Geyse com pressão. Geyse grita. Rebecca gira também. Vemos sangue
escorrendo das costas de Geyse, que a cada chicoteada arreia as pernas. FOCA em
Geyse.
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