CENA 01/EXT./EMPRESA TRINDADE/FRENTE/NOITE
Continuação
imediata do capítulo anterior.
Ingrid chora ajoelhada. Lucas a levanta.
INGRID – Eu
não posso acreditar...
LUCAS – Calma,
vó. Vem comigo!
INGRID – Otávio!!
Lucas a abraça e a leva para dentro do carro. Vitória acompanha.
Madalena, Maria Fernanda e Kátia Flávia observam.
MARIA FERNANDA (sussurra) – Que exagero, não é Kátia?
KÁTIA FLÁVIA – Eu hein. Que sem-coração você é, sogrinha. Foi o seu pai que
morreu, tá?
Silêncio.
KÁTIA FLÁVIA – Maria Fernanda, não vai me dizer que você tem alguma coisa a ver
com isso...
MARIA FERNANDA – Não fala besteira, Kátia Flávia. Tá bom, ele morreu. Mas também
não precisa de tudo isso, esses rios de lágrimas. Pelo amor de Deus, ele morreu
e não vai ressuscitar. Quer saber? Já passei tempo demais aqui, vou pra casa
dormir.
Maria Fernanda vai até o carro. Kátia Flávia se aproxima de
Madalena.
KÁTIA FLÁVIA – Oi, subalterna.
MADALENA – O
que você quer, menina?
KÁTIA FLÁVIA – Foi você né?
MADALENA – Eu
não sei do que você está falando. Pode ser mais clara?
KÁTIA FLÁVIA – Não se faz de desentendida, Mariana. Eu sei que foi você que
matou o velho.
MADALENA – Olha,
o meu nome é Madalena.
KÁTIA FLÁVIA – Mudando de assunto pra não assumir o crime, né jaguara? Pois eu
sei muito bem que você e a dona Ingrid têm alguma coisa a ver. Eu lembro do
segredinho de vocês, tá bom?
MADALENA – Só
podia ser você mesma, burra do jeito que é, pra achar que eu ou a dona Ingrid
temos alguma coisa a ver com a morte do seu Otávio. Primeiro, que nós duas
estávamos em casa o tempo todo. Segundo, por qual motivo nós mataríamos um
homem tão bom e honesto?
KÁTIA FLÁVIA – Tem razão. Mas tô de olho, viu? Essa sua carinha de santa e esse
seu uniforme branco não me enganam. Abre o olho!
Lucas conversa com Vitória em frente ao carro, onde Ingrid e
Maria Fernanda estão.
LUCAS – Os
seguranças disseram que não foi suicídio, e sim uma morte planejada.
VITÓRIA – Mas
nem nas câmeras viram quem foi?
LUCAS – Aí é que
tá. O infeliz foi esperto e, antes do crime, acabou com todo o sistema de
vigilância. Quebrou as câmeras, quebrou o computador... tudo.
VITÓRIA – Meu
Deus, como alguém é capaz disso?
LUCAS – Pois é.
Até arrancaram a mão do meu avô, acredita?
VITÓRIA – Que
horror.
MARIA FERNANDA – É pra hoje ou tá difícil? Lucas, dirige logo esse carro até em
casa!
LUCAS – Já vou!
Tchau Vitória, eu já vou indo. A gente se vê.
VITÓRIA – Tchau,
Lucas. Boa sorte pra sua família!
Os dois se abraçam e Lucas entra no carro. Kátia Flávia observa.
KÁTIA FLÁVIA – É muito vagabunda mesmo. Você acredita, segurança? Ela tá
pegando o meu boy, o meu noivo, o meu Luquinhas.
O segurança não responde.
KÁTIA FLÁVIA – Ai, adorei esse seu ar sombrio, calado. Ui, esse seu corpo
também tá nota dez. Me chama de Estados Unidos e me USA, campeão.
Vitória se aproxima.
VITÓRIA – Ora,
ora, ora... não é que aquela que se sente traída também trai?
KÁTIA FLÁVIA – Quê que é, Vitória Palmatória? Já não basta pegar o meu noivo,
já quer dar em cima do segurança? Vai ciscar em outro lugar, colega.
VITÓRIA – Você
é muito chata mesmo, viu? Deus me livre e guarde de você.
KÁTIA FLÁVIA – Não vem com esse papinho de religiosa não, viu? Eu sei que você
tem parte com o cara lá de baixo pra pegar o meu Lucas. É ou não é verdade,
segurança? Viu, é verdade! Fica esperta, Vitória.
VITÓRIA – É
melhor você ficar esperta, porque vai ter que voltar andando sozinha pra casa.
KÁTIA FLÁVIA – Do que você tá falando?
VITÓRIA – O
carro do Lucas tá saindo, viu?
KÁTIA FLÁVIA – Meu Deus! Lucas, espera! Segurança, depois eu te ligo, tá bom
maravilha? Lucas!
Kátia Flávia sai correndo atrás do carro. Vitória ri, ao lado do
segurança.
SEGURANÇA – Finalmente
essa garota foi embora. Que insuportável...
VITÓRIA – Quer
me matar de susto com essa sua voz trevosa, segurança? Eu hein...
Corta
para:
CENA 02/INT./CASA DE ROSICLER/SALA/NOITE
Társis segura Nínive pelo braço.
NÍNIVE – Eu
já mandei você me soltar, Társis.
TÁRSIS – Eu
só vou te soltar quando você me disser se aquele pretinho da faculdade vai vir
aqui.
NÍNIVE – Se
você tá se referindo ao Danilo, é ele sim. E daí?
TÁRSIS – Fala
sério, Nínive. Você não vai trazer aquele cara pra dentro de casa não, né?
NÍNIVE – Qual
é o problema com o Danilo? Só porque ele é negro, ele é leproso, doente, faz
mal?
TÁRSIS – É,
é sim. Eu tenho nojo de gente negra, Nínive. Aquele povo vive suado, com um
bafo do capeta, sorri por tudo, dá tapinha nas costas, cospe no chão...
NÍNIVE – Acabou?
Olha aqui, se você continuar racista desse jeito, eu vou te denunciar. Isso é
crime, viu?
TÁRSIS – Cala
a sua boca! Você não vai me denunciar pra ninguém. Denúncia é o que eu vou
fazer quando aquele trombadinha roubar toda a nossa casa.
NÍNIVE – Eu
não acredito que eu tô ouvindo isso, Társis. Você parece a nossa prima Maria
Fernanda, aquela preconceituosa.
TÁRSIS – A
Maria Fernanda sim sabe das coisas, e sabe diferenciar negro de branco.
NÍNIVE – E
qual é a diferença, Társis?
TÁRSIS – Preto
é tudo bandido, pobre, pé rapado...
Nínive dá um tapa em Társis.
NÍNIVE – E
você é uma vergonha pro mundo! Um insignificante, um horror de pessoa, um
merdinha!
TÁRSIS – Repete
o que você falou, garota. Repete!
NÍNIVE – Você
ouviu muito bem o que eu falei, Társis. Eu tenho vergonha de ser sua irmã. Sair
com aquela periguete da Walkiria você pode, mas conversar com o Danilo eu não
posso só porque ele é negro. Se toca Társis, a gente tá no século 21.
TÁRSIS – Exatamente.
Em pleno século 21 ainda tem gente que acha que negro é igual a branco. Que
nexo isso tem, Nínive?
NÍNIVE – Cala
a boca ou eu te dou outro tapa, e dessa vez bem mais forte!
TÁRSIS – Eu
quero se você tem coragem.
NÍNIVE – Duvida?
A campainha toca.
TÁRSIS – Eu
atendo. E se for aquele neguinho, eu nem sei o que eu vou fazer.
Társis abre a porta. Danilo.
DANILO – A
Nínive tá aí?
NÍNIVE – Eu
tô aqui sim, Dan. Pode entrar!
Danilo entra.
DANILO – Você
deve ser o Társis, irmão dela.
TÁRSIS – Sou
eu mesmo.
DANILO – Prazer,
Danilo!
Danilo estende a mão e Társis fica imóvel.
NÍNIVE – É...
então... vem conversar comigo no meu quarto, Danilo. Com licença, Társis.
Nínive e Danilo sobem as escadas.
TÁRSIS – Era
só o que faltava...
Corta
para:
CENA 03/INT./CASA DE ROSICLER/QUARTO
NÍNIVE/NOITE
(Sonoplastia:
A Thousand Years – Cristina Perri)
Danilo e Nínive sentados na cama.
NÍNIVE – Não
liga pro meu irmão. Ele é chato daquele jeito mesmo.
DANILO – Não
é chatice não, eu sei. É pior que isso.
NÍNIVE – Enfim...
o que aconteceu? Você tava tão triste ao telefone, chorando.
DANILO – Você
sabe que eu sou bem pobre, né Nínive? Eu sou bolsista na faculdade, minhas
únicas refeições são nos intervalos das aulas, eu quase não tenho o que
vestir...
NÍNIVE – Fala
logo, Danilo. Eu tô ficando preocupada.
DANILO – Quando
eu cheguei em casa ontem, minha mãe tava fraca, quase caindo no chão. Ela não
tinha comido nada havia dias... minha mãe morreu de fome, Nínive.
Danilo começa a chorar.
NÍNIVE – Meu
Deus! É sério?
DANILO – Pô
Nínive, você acha que eu ia brincar com uma coisa dessas?
NÍNIVE – Danilo,
eu tô chocada. E o enterro, quando vai ser?
DANILO – Eu
mesmo enterrei ela, num terreno baldio. A última coisa que ela me pediu foi que
eu cantasse uma música pra ela, uma música que eu gostava de ouvir quando era
bebê.
FLASHBACK:
Danilo lembra de quando cantou para sua mãe, esta à beira da morte.
NÍNIVE – Que
triste, Danilo. A fome dói tanto assim?
DANILO – Você
nunca vai saber como dói.
NÍNIVE – E
você continua morando na sua casa?
DANILO – Se
é que se pode chamar um monte de barro coberto por papelão de casa.
NÍNIVE – Agora
eu choquei de vez. Você mora num barraco, Danilo? Você é tão pobre assim?
DANILO – Praticamente
tudo que eu tenho é doado por pessoas de bom coração.
NÍNIVE – Danilo...
você não quer morar aqui comigo?
DANILO – É
o quê? Claro que seu irmão não ia gostar.
NÍNIVE – Que
se exploda o meu irmão. Você não pode continuar nessas condições. Amanhã eu
quero você aqui, com todas as suas coisas.
DANILO – Você
pelo menos consultou a sua mãe pra saber se ela deixa?
NÍNIVE – Claro
que ela deixa. Apesar de consumista, viciada em compras, minha mãe tem um ótimo
coração. Aceita, vai. Vem morar com a gente.
DANILO – O
que seria de mim sem você, Nínive?
Os dois se abraçam.
Corta
para:
CENA 04/STOCK SHOTS/RIO DE JANEIRO/NOITE-DIA
Amanhece no Rio de Janeiro.
Fade out
sonoplastia. Corta para:
CENA 05/INT./CEMITÉRIO/DIA
Slow motion. Trombetas tocam. Quatro homens carregam o caixão de Otávio.
Ingrid, Lucas, Maria Fernanda, Kátia Flávia, Madalena e os outros empregados
acompanham. Todos de preto. Ingrid inconsolável de mãos dadas com Lucas. Maria
Fernanda fria.
Plano geral. O caixão é posto na cova. Todos jogam rosas brancas. A terra
cobre o caixão. Ingrid se despede com um beijo.
Fade to black.
Corta
para:
CENA 05/INT./MANSÃO TRINDADE/SALA/DIA
Fade in. Todos entram na mansão. Lucas, Kátia Flávia e Maria Fernanda
sentam-se no sofá. Ingrid senta-se na poltrona.
MADALENA – Eu
vou preparar um chazinho para acalmar um pouco o coração.
Madalena vai para a cozinha.
LUCAS – Ainda não
caiu a ficha. Quem será que teria sido capaz de matar o meu avô, que nunca fez
mal a ninguém?
INGRID – É,
meu filho... quando nós pensamos que o mundo está progredindo, vem o homem e
nos mostra que essa raça humana não tem jeito.
MARIA FERNANDA – Vocês falam como se o papai fosse um santo, um anjinho com
auréola e tudo.
LUCAS – Diferente
de você, né mãe?
MARIA FERNANDA – Agora o meu filho vai me desrespeitar, é isso? Olha, pois eu
acho que o papai tava metido em crimes aí e acabou batendo as botas. Pronto,
falei.
INGRID – Mas
como é que pode uma coisa dessa, hein? Eu não te criei assim, Maria Fernanda!
MARIA FERNANDA – E você lá é espelho pra querer se refletir em mim? Poupe-me,
mamãe. Cada um é cada um.
KÁTIA FLÁVIA – Mas eu fico indignada mesmo é com a falta de consideração com as
pessoas que participaram da solenidade. Não serviram uma bandeja sequer de
comida, acreditam?
LUCAS – Eu não
posso acreditar! Eu não tô acreditando! É cada asneira que sai da sua boca...
KÁTIA FLÁVIA – Mas eu tô mentindo? Se não nos servissem nada, nós teríamos uma
coisa em comum com o seu Otávio.
MARIA FERNANDA – O meu pai tá morto, sua catita.
KÁTIA FLÁVIA – Exatamente! A gente ia morrer também, só que de fome. Olha, eu
sinceramente acho melhor morrer a facadas do que de fome.
LUCAS – Não seja
por isso. Madalena, aproveita e trás uma faca da cozinha!
KÁTIA FLÁVIA – Que é isso? Quer me matar, me ver a oito palmos do chão?
MARIA FERNANDA – São sete palmos, burridade.
KÁTIA FLÁVIA – O palmo é meu, eu coloco quantos eu quiser. Mas cadê a Madalena
com o bendito chá que ela prometeu?
Madalena volta segurando uma bandeja.
MADALENA – Eu
já tô aqui. Quem foi que pediu faca?
KÁTIA FLÁVIA – Não, ninguém pediu faca aqui. Você tá ficando meio bitolada com
a velhice. Se cuida, hein?
Kátia Flávia pega uma xícara de chá.
KÁTIA FLÁVIA – Podem pegar pra vocês também. Vocês são de casa!
INGRID – Que
gentileza a sua, Kátia Flávia. Mas eu não estou servida, eu vou para o quarto
dormir. Por favor, não me acordem.
Ingrid sobe as escadas.
MARIA FERNANDA – Pobre mamãe... vai ficar sem sexo, tadinha. A cama só vai servir
pra dormir mesmo.
LUCAS – Chega de
brincadeiras, mãe! Chega! O seu pai acaba de morrer e você não chorou nem uma
lágrima, ao menos uma falsa. Você é a pessoa mais fria que eu já conheci.
Lucas sai de casa.
KÁTIA FLÁVIA – Ele se estressou, né?
MARIA FERNANDA – Cala a boca!
Corta
para:
CENA 06/INT./CASA DE VITÓRIA/SALA/DIA
Vitória sentada no sofá, de camisola. A campainha toca.
VITÓRIA – Já
vai!
Vitória atende. Lucas.
LUCAS – Vitória...
VITÓRIA – Lucas?
Ai meu Deus, desculpa te receber assim, de camisola.
LUCAS – Não tem
importância. Eu posso entrar?
VITÓRIA – Claro,
entra aí.
Lucas entra e senta no sofá.
VITÓRIA – E
aí, como foi o enterro do seu avô?
LUCAS – Além de
emocionante, foi decisivo.
VITÓRIA – Como
assim decisivo?
LUCAS – Decisivo
pra eu acabar tudo com a Kátia Flávia. Eu vou terminar meu noivado com ela.
VITÓRIA – Oi?
Corta
para:
CENA 07/INT./CASA DE ARTURO/SALA/DIA
Nenê sentada no sofá ao telefone. Entra Arturo.
ARTURO – Nenê,
minha filha... a uma hora dessas a ligação custa muito caro. Desliga esse
telefone, que minha aposentadoria não cobre tudo isso.
NENÊ – Deixa de
ser muquirana, papai. Eu tô tentando ligar até agora pro Greg e ele não atende.
ARTURO – Greg?
Quem é esse?
NENÊ – Ah, não
te contei? É um cara que eu conheci na academia. Corpão, saradão, uma barba
linda...
ARTURO – Tem
certeza que você não tá me descrevendo?
NENÊ – Ah claro,
até porque essa sua barba transparente atrai a todas as mulheres, né?
ARTURO – Atraindo
pelo menos a Sandra tá de bom tamanho.
NENÊ – Ok,
garanhão da terceira idade. Agora me deixa tentar telefonar de novo pro Greg.
ARTURO – Vou
descontar da tua mesada, hein?
Corta
para:
CENA 08/INT./MOTEL/QUARTO/DIA
CAM chicote. Greg e Rosicler deitados na cama, nus, enrolados com um lençol.
Greg acorda.
GREG – Bom dia!
ROSICLER – Bom
dia, gostosão. E aí, foi propaganda enganosa?
GREG – Que foi,
foi. Mas panela velha é que faz comida boa. A noite de ontem foi ótima!
ROSICLER – Tá
me chamando de velha, seu infeliz?
GREG – Não,
calma! Você me interpretou mal. Eu quis dizer que é bem melhor amar uma mulher
experiente, que sabe das coisas.
ROSICLER – Ah,
bom...
O celular de Greg toca.
ROSICLER – Não
vai atender?
GREG – Pra quê?
Pra perder meu tempo? Prefiro ficar aqui te namorando, Roro.
ROSICLER – Ai,
assim eu gamo.
Os dois se beijam.
ROSICLER – Que
nojo, Greg!
GREG – Que foi?
ROSICLER – Tá
achando que isso aqui é novela pra ter beijo de língua depois de acordar? Eu
hein, vai escovar essa sua boca fedida.
GREG – Tá bom,
tá bom... que horas são hein?
ROSICLER – Tá
me achando com cara de relógio? Vê aí no seu celular.
GREG – Vocês
mulheres acordam com a macaca, hein?
Greg pega o celular. 14 chamadas perdidas de Nenê.
GREG – Meu Deus!
ROSICLER – Que
foi? Tá muito tarde?
GREG (nervoso) – É... não... não muito, agora que são onze da manhã.
ROSICLER –
Onze horas? Meu Deus, eu tenho que preparar o almoço dos meus filhos!
Rosicler se enrola com o lençol e sai correndo.
GREG – Rosicler,
espera aí! As suas roupas!
Corta
para:
CENA 09/EXT./RIO DE JANEIRO/RUA/DIA
(Sonoplastia:
Le Freak – CHIC)
Rosicler sai do motel enrolada no lençol, correndo. Várias
pessoas veem a cena.
PEDREIRO – A
coroa ainda dá um caldo, hein?
ROSICLER – Vai
pro circo, palhaço.
Rosicler corre em meio a uma multidão de curiosos. Algumas
pessoas filmam, outras dão risada.
ROSICLER – Tão
rindo de quê? Nunca viram ninguém nu? Olha aqui pra vocês!
Rosicler tira o lençol.
ROSICLER – Tô
nua, e daí?
VELHA – Nossa,
como você é gorda. Argh, eu tenho repúdio a mulheres gordas.
ROSICLER – Cala
a sua boca!
Rosicler novamente se enrola com o lençol e corre.
Fade out
sonoplastia. Corta para:
CENA 10/INT./CASA DE ROSICLER/SALA/DIA
A campainha toca. Nínive desce as escadas.
NÍNIVE – Ainda
bem que o Danilo veio!
Nínive abre a porta. Rosicler entra e deixa a porta aberta.
NÍNIVE – Mãe?
Onde você tava? Por que você tá nua?
ROSICLER – Deixa
o interrogatório pra vocês. Eu tenho que fazer o almoço.
Társis desce.
TÁRSIS – Eu
conheço esse lençol. É de um motel, não é?
ROSICLER – Como
é que você sabe, seu safado?
TÁRSIS – Safada
é você. Trepou com quem?
NÍNIVE – Társis!
Isso é jeito de falar com a mamãe?
Danilo entra, segurando uma trouxa de roupas.
DANILO – Eu
posso entrar?
Todos se viram para Danilo.
TÁRSIS – O
que você tá fazendo aqui de novo?
Danilo apreensivo.
FIM DO CAPÍTULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário