Bruna volta para frente do computador e reinicia o vídeo, ao
lado do investigador. Ambos observam cada cena, quando o homem pausa o vídeo no
exato momento em que se vê a assassina.
– E então? Podemos fechar o inquérito? – Indaga Bruna,
virando-se para ele.
– Sim. Já estamos há quase um ano nessa investigação. A Iolanda
vem tendo um mau comportamento desde que foi presa. Pra falar a verdade, não
entendo os motivos dela para matar a Lana. O Guilherme disse que ela não havia
recebido nenhuma ameaça...
– Poderia ser queima de arquivo. A Lana era juíza criminal. –
Disse o homem, sentando-se na cadeira a frente da mesa de Bruna, que escora na
cadeira e fecha os olhos. – Tudo bem?
– Essa história está mal contada. Aqui mostra claramente o rosto
da Iolanda ficando a faca na vítima e levando a prova do crime embora. Minutos
depois ela aparece na frente de todos os convidados como se nada tivesse
acontecido. A única explicação seria a Iolanda ser comparsa da Lana em algum
crime e a Iolanda ser ameaçada de alguma maneira pela vítima ou...
Ouve-se uma batida na porta. Uma mulher de roupas simples, com o
cabelo amarrado a um rabo de cavalo baixo adentra no local.
– Sônia? – Indaga Bruna, levantando-se e abraçando. – Quanto
tempo!
– Pois é. Mas eu vim te dizer uma coisa que está entalado dentro
da minha garganta há muito tempo. Devia ter lhe dito desde o início, mas achei
que não acreditaria em mim.
– O que foi? Está me deixando curiosa.
– Eu ouvi a conversa entre Iolanda e um capanga dela, lá na
penitenciária onde trabalho. Eles estavam planejando a sua morte, com aquele
acidente de carro.
– Morte? Mas o médico disse que foi apenas um susto.
– Por que provavelmente o carro bateu em algo de peso menor.
– A Iolanda é uma mulher perigosa! Matou duas pessoas e tentou
matar você duas vezes. Se eu entendi a lógica, ela é responsável pelo incêndio
também. – O investigador diz, retirando-se da sala. O celular de Sônia toca e
ela sai do local enquanto Bruna fita o filho, aliviada.
***
Maria Paula está em frente a uma porta do aeroporto, onde
dezenas de pessoas saem carregando o carrinho com malas. Um homem se aproxima e
a beija.
– Senti tanta a sua falta, meu amor! – Diz Maria Paula abraçando
o homem.
***
Alessandra sai de um elevador, em cima do prédio, e encontra
Vivian sentada, com as pernas balançando para baixo.
– MÃE!
Vivian olha para trás e é surpreendida pelo abraço de
Alessandra, que leva a mulher para longe da beirada.
– O que pensa que estava fazendo?
– Eu vou fazer, Alessandra. Queira ou não! A vida é minha!
– É por causa daquele menino? Ele morreu não foi? O que vai
adiantar você se jogar?
– Nada, assim como ficar presa o resto da vida numa cela imunda!
– Pega a carta que escrevia. – Ó, pra você.
– Mas isso é uma carta de despedida! – Leu e em seguida olhara
para a mãe, de pé, com os braços abertos na beirada do prédio. – MÃE!
Vivian se joga do prédio. Alessandra observa o corpo cair e em
seguida, a poça de sangue que se forma em volta do corpo.
***
UMA SEMANA
DEPOIS
Iolanda, com a aparência cansada, adentra na sala de visitas, com
os pulsos algemados e cabeça baixa. Senta-se na cadeira e lentamente levanta a
cabeça, encontrando seu advogado a sua frente.
- Vai me tirar daqui? – Pergunta eufórica.
– Não. – Observa o desânimo de Iolanda. – A sua ficha criminal
vem aumentado cada vez mais!
– O que você quer dizer com isso?
– Ora, descobriram que você matou a Lana e é mandante das duas
tentativas de homicídio contra a delegada.
– Eu não matei a Lana!
– Vai ser a sua palavra contra a de dezenas de pessoas. Eu não
posso fazer nada contra as acusações contra você.
– E o que veio fazer aqui?
– Te informar. O julgamento será dentro de dois meses. Com
licença.
***
Rachel traja uniforme do mesmo presídio de Iolanda: blusa branca
e calça amarela. Em outra sala ela conversa com seu advogado, um homem de
barriga avantajada e cabelos grisalhos.
– É isso, Rachel. Seu julgamento foi marcado para daqui dois
meses.
– Eu não fiz por mal. Só queria...
– Isso não vai ajudar em nada. – Fitaram-se. – Bom, já deu a
minha hora. Com licença. Passar bem!
***
No apartamento, Bruna, de pijama, com o cabelo amarrado,
segurando a babá eletrônica, senta-se no braço do sofá e observa um porta
retrato que possui a foto de Bruna e Guilherme.
Ouve a campainha tocar. Passa a mão no cabelo e por fim, abre a
porta.
– Você? – Indaga, observando Guilherme a sua frente.
– Ele está dormindo? – Pergunta, referindo-se ao filho.
– Sim. Pode ver aqui. – Dá a babá eletrônica, em seguida se
fitam.
Guilherme aproxima seu rosto ao de Bruna e os lábios de ambos se
tocam. Em seguida se beijam apaixonadamente, quando de repente, ouvem o choro
de uma criança.
– Ele precisa mamar Guilherme. Pode voltar outra hora?
– Como quiser. – Aproxima o seu lábio do de Bruna, mas a mulher
se afasta.
– Melhor não. Depois a gente conversa. Agora pode ir! – Abre a
porta e sorri para Guilherme. Ao fechar a porta, observa novamente a babá
eletrônica e sai para o quarto do filho.
DOIS MESES
DEPOIS
Todos estão reunidos no tribunal, em pé. O juiz pede para
sentaram-se e em seguida, adentra Iolanda.
Várias pessoas respondem perguntas, entre elas Guilherme, Maria
Paula e Carlos Henrique.
Iolanda, nervosa, responde a algumas perguntas. Ao fim, o juiz lera
a lista de crime que ela cometera.
– Condeno a ré Iolanda Cavalcanti a pena de trinta anos, quatro
meses e dezenove dias em regime fechado. – Batera o martelo. – A sessão está
encerrada.
– EU NÃO MATEI! EU NÃO MATEI A LANA! – Grita, ao ser algemada por
um policial.
Maria Paula, ao lado de seu marido observando a cena, começa a
rir e põe a mão na frente para disfarçar.
– O que aconteceu? Você tem alguma coisa a ver com isso?
– Eu? Não. – Olha para os lados. – Vamos? Eu quero te mostrar
uma coisa!
***
– Condeno os réus Rachel Albuquerque e Douglas Azevedo a pena de
doze anos, um mês e três dias em regime fechado. – Outro juiz batera o martelo após ler os
crimes cometidos por ambos, e em seguida, os policiais os algemavam.
***
João Guilherme engatinha lentamente por um corredor. Guilherme
caminha até a criança e a pega no colo.
Bruna aproxima-se de ambos e sorrindo fita Guilherme. Os dois se
abraçam.
– Agora você não tem mais motivos para fugir de mim! – Diz,
dando um beijo na boca da delegada.
– Não... – Fala, antes de se beijarem.
***
Maria Paula e o marido, Wilker, estão sentados em uma mesa
redonda, com cadeiras estofadas de um famoso restaurante.
– O que você quer me mostrar, Maria Paula?
– Os garçons precisam trazer, tenha calma. – Observara um garçom
trazendo uma bandeja de metal fechada. – Pronto.
– Comida?
– Abre a bandeja.
Wilker retira a tampa e encontra um sapatinho de tecido branco.
Ele o pega na mão e sorri.
– Já fazia um tempo que eu sabia, mas guardei segredo para não
me decepcionar se caso acontecesse uma coisa com o bebê...
– Branco?
– Como ainda não dá para saber o sexo, comprei um branco que dá
para os dois...
– Que notícia maravilhosa!
***
UM ANO
DEPOIS
Em uma praia, Guilherme, no altar, conversa com o juiz de paz.
Os convidados começam a chegar e sentam-se nas cadeiras que há no local. João e
Arthur estão ao lado de Rafaela. O primeiro, segura uma almofada branca com as
alianças presas.
Música: A Thousand Years – Christina Perry
Bruna, trajando um vestido branco tomara que caia, com os
cabelos meio preso, caminha lentamente, carregando um buquê de flores, com
Arthur na frente. Ao chegar ao altar, Guilherme beija a testa de Bruna, que
entrega o buquê para a mãe, Dinorá.
– Estamos aqui para celebrar a união entre Bruna Muniz e
Guilherme Steffens.
Enquanto o juiz conversa com os noivos, Rafaela e Noah se beijam
e Giulia os observa. Maria Paula e Wilker com a filha, Valentina, de um ano.
Antônia e Conrado felizes, ao lado de Liz. Natan observando Dinorá, que troca
olhares com ele.
João Guilherme leva as alianças até o casal. Guilherme se agacha
a altura do filho e pega as alianças.
– Guilherme Steffens. Aceita Bruna Muniz como sua legítima
esposa, prometendo amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza até que a morte os separe?
– Sim!
– Bruna Muniz. Aceita Guilherme Steffens como seu legítimo
esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo, na saúde e na doença, na riqueza e na
pobreza até que a morte os separe?
– Sim!
– Pode beijar a noiva.
Na festa, Guilherme e Bruna conversam com os convidados. Maria
Paula e Wilker saem disfarçadamente, sem conversar com os noivos.
O investigador aproxima-se de Bruna, com uma caixa de papelão
lacrada.
– Bruna? – Ela vira-se e exibe um enorme sorriso, juntamente com
Guilherme. – Sei não é de bom tom os noivos receberem presentes dos convidados
no dia do casamento, mas como essa união significa uma nova vida e esse
presente também, achei melhor te deixar mais feliz.
– Como assim? O que é isso?
– É algo que mudará a sua vida completamente. E para melhor!
Bruna pega o pacote e tenta abrir, com dificuldade. Ao
conseguir, encontra uma camiseta e calça preta.
– Roupas?
– Tire da caixa, Bruna.
A delegada obedece. Guilherme segura a caixa e Bruna retira da
mesma. Atrás da camiseta, em letras grandes e amarelas “Polícia Federal”.
– Mas como? Eu...
– Sim, você achou que não tinha passado nos testes. Você na
verdade fez tudo em segredo, não contou nem para mim nem para o Guilherme dessa
sua tentativa.
– Eu não passei, como é que...
– Eles trocaram o seu nome com outra mulher. Não me pergunte
como. Isso não importa! Agora você é delegada federal... Não é maravilhoso?
– Claro que é. Só não imaginava!
– Bom, aproveite esse dia. Você é merecedora de tudo isso!
– Obrigada. – Disse Bruna. O investigador saira. Bruna,
segurando a caixa, beijara Guilherme.
***
Iolanda adentra em uma sala. Maria Paula a aguarda, de costas.
Ela ri e fica a frente de Iolanda, encarando-a.
– O que você quer? Se for pra rir da minha cara...
– Não. Eu vim te dizer que estou amando você me substituir
naquela cela imunda! Realmente... Ela combina muito contigo.
– Como é? Repete! Você que...
– SIM, SUA TONTA. – Grita a interrompendo. – Consegui enganar a
polícia e te encrencar de vez.
– Por que fez isso? O que eu te fiz?
– Ainda pergunta? 14 de Setembro de 2008. Recorda essa data?
– Não...
– Você, junto com a idiota da minha irmã entrou na minha casa,
pegaram o MEU FILHO e enforcaram ele. Fui presa por um crime que não cometi!
– Eu não enforquei seu filho!
– Mas me segurou para que não conseguisse evitar a morte dele. E
depois... Ainda jogaram no chão como se fosse um boneco!
– EI, VOCÊS! ELA É UMA ASSASSINA! ELA MATOU... – Iolanda
levantara-se e gritara.
– CALA A BOCA. Hoje sou casada com um importante empresário
americano, dei a ele uma herdeira. Se eu for presa, em menos de dez minutos sou
solta... E você? Vai mofar aqui!
– Sua cachorra! Vagabunda!
– Isso foi pouco. Eu sou capaz de coisa pior para proteger a
minha família. Espero que você apodreça aqui, saia daqui direto para o túmulo!
Maria Paula empurrara Iolanda, batera na porta e saíra, com um
sorriso cínico no rosto.
***
Maria Paula adentra no carro. Beija o rosto de Wilker e observa
Valentina dormir.
– Amor, eu preciso ir a um lugar antes de irmos para casa. –
Disse.
***
Maria Paula carrega um ramo de flores e aproxima-se de um
túmulo, onde tem a imagem de um bebê de aproximadamente cinco meses, com o nome
de Henry Albuquerque.
– Eu finalmente consegui filho! Agora você pode descansar. Amarei-te
eternamente.
A mulher retorna ao carro emocionada. Observa a filha, Valentina
brincar com uma boneca de pano.
– Amor... Sabe aquela proposta de morarmos nos Estados Unidos?
Eu mudei de ideia...
– Sério?!
– Será melhor para a Valentina e sem contar que não guardo boas
lembranças do Brasil... – Observara a paisagem.
***
Após os últimos convidados irem
embora, Guilherme e Bruna correm atrás de Arthur e João, que molham a seus pés
na água do mar. Os quatro mergulham e brincam um com os outros e assistem ao
pôr do sol. Guilherme segura Arthur no colo e Bruna faz o mesmo com João. Ao
fim, eles se dão as mãos e caminham felizes a um destino próprio.
“A maior fonte de felicidade que há na vida, é saber que
alguém nos ama; que nos ama pelo que somos ou, melhor, que nos ama apesar do
que somos.” - Victor Hugo.
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário