O número de
curiosos não parava de aumentar. Todos olhavam atónitos. Uns olhavam com olhos
de preocupação, já outros com olhos de cineasta. Os idosos ficaram
desesperados. Os que estavam com fome, continuaram o trajeto. As crianças
estavam com medo. O velho da dentadura frouxa, gritava para seu filho de 41
anos:
- Ligue para a
ambulância, meu filho.
- Vou ligar,
pai.
A ambulância
demorara. Os enfermeiros corriam em direção ao barranco. As mulheres que
estavam no topo estavam aterrorizadas. Eles desceram com rapidez. Um foi
averiguar o estado do homem e dois, o da mulher. Os dois enfermeiros, verificaram
a respiração dela. Estava sem respirar. Então, eles iniciaram de imediato
manobras de respiração artificial através do método boca a boca, complementadas
com a massagem cardíaca. Agora, respirava. Imediatamente, ela foi levada até a
ambulância. Com muito trabalho, eles conseguiram conduzi-la.
O enfermeiro,
que estava com o homem, verificou se estava respirando. Estava. Depois de
examinar, ele suspeitou que fora apenas um desmaio. Deitou-o no chão. Elevou as
pernas, em relação ao resto do corpo, para facilitar a circulação de sangue
para o cérebro. Em seguida, ele desabotoou a camisa, a calça, tirou os sapatos
da vítima. Depois que recuperou a consciência, foi levado para a ambulância.
- Sai da
frente. – diziam os bombeiros, tentando entrar com as vítimas na ambulância.
Com a curiosidade
do povo e com os flashes dos fotógrafos e com os interrogatórios dos repórter
que já haviam chegado, demorou um pouco
para acomodar as vítimas. As portas foram fechadas. Antes que o motorista
seguisse o caminho, ele telefonou para o corpo de bombeiros, para que pudesse
retirar o carro. A sirene percorreu até o Hospital das Dores. Antes mesmo que
as vítimas chegassem ao hospital, a notícia do acidente já tinha sido
espalhada.
Mônica estava
em casa, pronta para dormir. Vestia uma camisola verde. Quando estava fechando
a porta do quarto, o telefone tocou.
- Aposto que é
a Marlete, perguntando pelas fofocas do dia – resmungou antes de atender. – Ave
Maria, Marlete, você não me deixa nem eu descansar a minha beleza. Diga logo o
que é que você quer.
- Sou,
Marlete...
- Bigode! –
disse espantada. – Você só pode está apaixonado por mim, pra ligar essa hora! –
disse alisando os seus cabelos negros.
- Deixa de
brincadeira, Mônica. – disse com a voz séria.
- Liga pra
mim, e ainda é grosso. Fala logo, homem!
- Eu tenho uma
notícia...
- Que notícia?
- Eu fiquei
sabendo por Bastião, meu amigo. Ele estava indo jantar no restaurante...
- Diga logo a
fofoca. Não quero saber das suas amizades de esquina.
- Parece que o
senhor Marlon e a senhora Solange foram acidentados.
Mônica perdeu
a voz, diante dessa notícia.
- Você ainda
está na linha, Mônica.
- Como assim?
Como foi esse acidente do meu chefinho? – disse correndo lágrimas.
- Calma...
- Como calma,
Bigode. Meu chefinho pode está morrendo... Não! – disse aos gritos. Quando
aclamou-se, voltou a falar. – Venha agora aqui, com a sua caranga, e me leve
para o hospital.
- Está certo.
Ela desligou o
telefone e foi arrumar-se. Depois de minutos, ele chegou buzinando.
- Até que fim,
Bigode! – disse entrando no carro.
Ele ia
cortando um carro, ultrapassando outro. E ela não parava de falar:
- Eu sei que
esse negócio, não aguenta alta velocidade, por que se não ela desmonta, mas
tenta pisar no máximo. Quer vê o chefinho.
Depois de
vários gritos de Mônica, eles finalmente chegaram. Foram correndo logo para a
recepção:
- Moça, meu
chefinho está nesse hospital?
- Quem é seu
chefe, senhora?
- Desculpe,
minha senhora, mas ela está alterada. – disse Fabrício interferindo Mônica.
- Como assim,
estou alterada? – disse batendo em Fabrício.
- É o senhor
Marlon, dono do Jornal Matinal. Ele sofreu um acidente de carro, agora à noite.
- Sei. Está
aqui sim.
- Posso vê-lo?
- No momento
não. Aguarde ali. – apontou para as cadeiras.
Eles
sentaram-se .
- Tu viu, como
aquela velha me chamou? De senhora. Só não briguei com ela, porque estava no
hospital e temos que respeitar os mortos.
- Aqui não é
cemitério, para ter mortos.
- Mais eles
morrem aqui, depois vão para o cemitério. Parece que não pensa.
- Só você,
Mônica.- disse com leve sorriso.
Depois de uma
hora, eles foram liberados para ver o paciente.
- Ele está no
quarto 29.
- Obrigado.
- Vamos logo,
Bigode.
Eles passaram
por um corredor onde tinha várias maca, ocupadas por vermes com gritos de dor.
A outra estava ocupada por idosos e gestante em cadeiras de rodas. Finalmente
chegaram no quarto. Lá estava enfermo dormindo e a enfermeira com a prancheta
na mão.
- Ele não
parece um anjo, Bigode?
A enfermeira
não evitou e deu uma olhadela na moça.
- Deixa de
coisa. – disse andando em direção da cama. -
Como ele está? – perguntou para a enfermeira.
- Está bem.
- Não minta
pra gente. – disse Mônica caindo no choro.
- Ele está bem
senhora.
Mônica ficou
vermelha de raiva. A enfermeira saiu e Marlon abriu os olhos.
- Como o
senhor está, patrão?
- Estou bem,
Fabrício.
- Tem certeza,
chefinho?
- Tenho sim,
Mônica.- disse com um sorriso no canto da boca.
- Como foi que
aconteceu, patrão?
- O pneu do
meu carro estava furado, então eu e Solange pegamos um táxi. Tivemos o azar de
pegar aquele taxi. Era o taxista-assaltante...
- Que perigo o
senhor correu, chefinho.
- Deixe ele
continuar, mulher.
- Aí, ele
puxou uma arma. Enquanto ele ficou distraído por um minuto, eu peguei a mão
dele e tentei pegar a arma. Aí, ele atirou. Na luta pra vê quem ficava com a
arma, ele perdeu o controle do carro. Caímos no açude Amarelinho. Depois tirei
o meu e o sinto da Solange. Peguei ela, e nadei. Depois que consegui chegar em
terra firme, a minha vista escureceu e desmaiei.
Depois de
narração, Marlon olhou para o lado e viu que Solange não estava ao seu lado.
Entrou em desespero.
- Como está
ela?
- A Solange? –
perguntou Fabrício.
- Sim. Como
ela está?
- Não sei.
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