Marlon sai
furioso. Bate com força a porta do táxi.
- Vamos.
- Para onde,
senhor.
- Para o
Jornal Matinal.
O motorista
ligou o carro e partiu. Chegou furioso. Entrou e não falou com ninguém.
- Acho que o
Marlon está com problemas. – disse Fabrício.
- Todo dia
aparece um problema pra ele, Bigodinho. – disse dando um beijo.
Correu nas
escadas.
- Gilda, diga
a Solange que venha até minha sala.
- Está bem,
senhor.
Desfilou por
toda a sala. Os seus pés não descasavam. Depois de alguns minutos, ela
apareceu:
- O que foi,
paixão? – disse ao entrar. – por que você está tão nervoso?
- Eu fui lá
no Jornal Correspondência.
- Você foi
lá?
- Fui. Aquele
desgraçado me desafiou. Ele vai saber com quem está mexendo.
- Calma. –
pegou um copo d’água. – Beba.
Marlon tomou
a água de uma só vez.
- Quem é que
está no comando agora, no Correspondência?
- É o
desgraçado do Tiago.
- Tiago? –
pensou um pouco. – Não conheço. Você conhece?
-
Infelizmente conheço. Mas agora isso não vem ao caso. Sente aí, Solange. – a
mulher acomodou-se na cadeira. – quero que você escreva uma notícia pra mim.
- Sobre o
que?
- Sobre o
ocorrido com a faxineira. Conte toda a verdade. Pegue uma folha de papel, foi
ditar pra você.
Solange pegou
o papel.
- Pronto.
Pode falar.
Marlon ditou
a notícia. No dia seguinte estava circulando na cidade. Tudo estava indo muito
bem. Foi muito vendável. Como o seu jornal era o mais influente na cidade e com
mais uma entrevista em outra rádio, a cidade toda acreditou na sua versão.
- Pronto.
Vamos ver quem vence essa guerra. A minha cartada final, foi na entrevista no
rádio, dizendo para que não comprassem o jornal daquele verme. – falava sozinho
e com muitas gargalhadas.
Os dias foram
passando e as vendas do Jornal Correspondência foram caindo. A felicidade de
Marlon só aumentava e a preocupação de Tiago só aumentava.
- Não poderia
está melhor. Eu disse que eu iria ganhar.
Um mês passou
e Tiago conseguiu manter o seu jornal, apesar das poucas vendas. Dois meses e
Tiago não dormia com a preocupação, o jornal já entrava em uma séria crise.
Três meses e não poderia segurar mais. Decretou falência e demitiu todos os
funcionários. A notícia saiu na imprensa. Marlon não se aguentava de tamanha
alegria.
- Chegou o dia.
Finalmente venci a guerra. Tenho que vê-lo. Duvido que ele negue a minha
proposta.
Marlon tomou
um táxi e foi para o antigo Jornal Correspondência.
- Aqui não
tem mais recepcionista. – disse entrando no prédio.
- Desculpe.
Não vi a recepcionista e entrei. Você tá lascado, né não Tiago.
- O que
diabos você veio fazer aqui?
- Vim
conferir a minha vitória. – sentou-se na cadeira. - E então? Como anda o seu
jornal?
- Seu
cretino! – gritou.
- Se acalme.
Ah! Me lembrei, o seu jornal está em crise. – Marlon levantou-se. – Eu não
disse que iria levar a melhor!
- Claro. Com
as calúnias que você disse a respeito do meu jornal.
- E o que
você fez? – disse aos gritos. - Só dei o
troco.
- Chega! Sai
daqui.
- Calma. Vim
tratar de um assunto com você.
- Não quero tratar
nada com você.
- Você vai se
interessar. Envolve dinheiro.
- Vai, fala
logo.
- Quero
comprar o prédio. Ele não é seu?
- É sim. Mas
não vendo pra você.
- Deixa de
ser orgulhoso. Você deve está devendo muito. Você está precisando do dinheiro.
Ou não? – disse batendo no ombro do homem.
- Estou. Mas
já disse que não vendo.
Marlon pegou
um cheque do bolso e disse:
- Está aqui.
Olhe. – Tiago pegou. – A quantia está boa?
Tiago não
acreditou quando viu a quantias dos zeros. Seu olho cresceu.
- Vai vender
ou não.
- Tá bom. Eu
vendo.
- Ótimo. –
abriu um largo sorriso. – Vou sentar aqui. Quero logo assinar a papelada.
- Tenho que
ir a um cartório.
- Então vá.
Fico aqui no seu Jornal... Ou melhor, nesse prédio. Vá logo antes que eu mude
de ideia.
Depois de um
pouco mais de uma hora, Tiago voltou.
- Aqui estão
os papéis. – jogou no chão.
- Como você é
mal educado. Não mudou nada. – disse ironicamente. – Você demorou.
- Fui à pé.
- E o seu
carro?
- Vendi.
- Se você
tivesse falado, eu te daria o dinheiro do táxi. Bom, agora vamos para o
restaurante. – Tiago ficou desconfiado. – eu pago a conta.
Eles saíram.
Entraram no carro.
- Finalmente
o meu carro foi consertado. Com todos os problemas não tive tempo de trocar o
pneu. Mas nesses últimos meses... – Tiago não demostrava interesse. – Ah!
Esqueci. Tenho que passar no meu galpão.
Marlon voltou
e foram para o galpão.
- Desce.
Quero te mostrar uma coisa.
- Não quero
vê nada. Tudo o que vem de você não é bom.
- Eu é que
deveria dizer isso.
Curioso, ele
desceu. Marlon trancou a porta do imóvel.
- Pode
entrar, não tenha medo.
Tiago foi na
frente. Atrás, Marlon golpeou a cabeça do rapaz. Ele caiu desmaiado. Marlon
carregou-o até um pilar e amarrou. Depois de minutos, Marlon bateu no rosto do
desmaiado.
- Acorda! O
show vai começar.
Tiago acordou
atordoado. Marlon subiu num caixote e falou:
- Senhoras e
senhores, vamos começar mais um show. - Peço desculpas a todos que estão vendo
esse espetáculo, porque o palhaço hoje está sendo o nosso convidado à
participar das nossas atrações. Agora vamos ao grande número dessa noite. Cuspe
a distância.
- Me tira
daqui! – gritou Tiago.
- Não está
gostando da apresentação? Anos atrás você era o apresentador e eu a vítima. Os
papéis, agora se inverteram.
Marlon
começou a escarrar na cara do Tiago. Não parava.
- Seus filho
da... – não pode continuar. Caiu cuspe na boca.
- Com você,
eu peguei leve. Você já está desgraçado.
- Seu merda.
Marlon
soltou-o.
- Você me
paga.
- Isso não
vai acontecer.
- Claro que
vai. Você na polícia.
- Se atreva a
ir. Eu tenho dinheiro para ser solto. E depois te mato. Quer morrer? Então vai
na delegacia, então! – disse cuspindo fogo. – Você já é um pobre lascado. Não
queira me encarar de novo. Você já saiu perdendo uma vez. Não é otário pra
perder de novo. Fuja com o dinheiro que ti paguei. Vá!
Tiago saiu
correndo, assustado.
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