sábado, 24 de outubro de 2015

Capítulo 25: Escrúpulos

Marlon sai furioso. Bate com força a porta do táxi.
- Vamos.
- Para onde, senhor.
- Para o Jornal Matinal.
O motorista ligou o carro e partiu. Chegou furioso. Entrou e não falou com ninguém.
- Acho que o Marlon está com problemas. – disse Fabrício.
- Todo dia aparece um problema pra ele, Bigodinho. – disse dando um beijo.
Correu nas escadas.
- Gilda, diga a Solange que venha até minha sala.
- Está bem, senhor.
Desfilou por toda a sala. Os seus pés não descasavam. Depois de alguns minutos, ela apareceu:
- O que foi, paixão? – disse ao entrar. – por que você está tão nervoso?
- Eu fui lá no Jornal Correspondência.
- Você foi lá?
- Fui. Aquele desgraçado me desafiou. Ele vai saber com quem está mexendo.
- Calma. – pegou um copo d’água. – Beba.
Marlon tomou a água de uma só vez.
- Quem é que está no comando agora, no Correspondência?
- É o desgraçado do Tiago.
- Tiago? – pensou um pouco. – Não conheço. Você conhece?
- Infelizmente conheço. Mas agora isso não vem ao caso. Sente aí, Solange. – a mulher acomodou-se na cadeira. – quero que você escreva uma notícia pra mim.
- Sobre o que?
- Sobre o ocorrido com a faxineira. Conte toda a verdade. Pegue uma folha de papel, foi ditar pra você.
Solange pegou o papel.
- Pronto. Pode falar.
Marlon ditou a notícia. No dia seguinte estava circulando na cidade. Tudo estava indo muito bem. Foi muito vendável. Como o seu jornal era o mais influente na cidade e com mais uma entrevista em outra rádio, a cidade toda acreditou na sua versão.
- Pronto. Vamos ver quem vence essa guerra. A minha cartada final, foi na entrevista no rádio, dizendo para que não comprassem o jornal daquele verme. – falava sozinho e com muitas gargalhadas.
Os dias foram passando e as vendas do Jornal Correspondência foram caindo. A felicidade de Marlon só aumentava e a preocupação de Tiago só aumentava.
- Não poderia está melhor. Eu disse que eu iria ganhar.
Um mês passou e Tiago conseguiu manter o seu jornal, apesar das poucas vendas. Dois meses e Tiago não dormia com a preocupação, o jornal já entrava em uma séria crise. Três meses e não poderia segurar mais. Decretou falência e demitiu todos os funcionários. A notícia saiu na imprensa. Marlon não se aguentava de tamanha alegria.
- Chegou o dia. Finalmente venci a guerra. Tenho que vê-lo. Duvido que ele negue a minha proposta.
Marlon tomou um táxi e foi para o antigo Jornal Correspondência.
- Aqui não tem mais recepcionista. – disse entrando no prédio.
- Desculpe. Não vi a recepcionista e entrei. Você tá lascado, né não Tiago.
- O que diabos você veio fazer aqui?
- Vim conferir a minha vitória. – sentou-se na cadeira. - E então? Como anda o seu jornal?
- Seu cretino! – gritou.
- Se acalme. Ah! Me lembrei, o seu jornal está em crise. – Marlon levantou-se. – Eu não disse que iria levar a melhor!
- Claro. Com as calúnias que você disse a respeito do meu jornal.
- E o que você fez? – disse aos gritos. -  Só dei o troco.
- Chega! Sai daqui.
- Calma. Vim tratar de um assunto com você.
- Não quero tratar nada com você.
- Você vai se interessar. Envolve dinheiro.
- Vai, fala logo.
- Quero comprar o prédio. Ele não é seu?
- É sim. Mas não vendo pra você.
- Deixa de ser orgulhoso. Você deve está devendo muito. Você está precisando do dinheiro. Ou não? – disse batendo no ombro do homem.
- Estou. Mas já disse que não vendo.
Marlon pegou um cheque do bolso e disse:
- Está aqui. Olhe. – Tiago pegou. – A quantia está boa?
Tiago não acreditou quando viu a quantias dos zeros. Seu olho cresceu.
- Vai vender ou não.
- Tá bom. Eu vendo.
- Ótimo. – abriu um largo sorriso. – Vou sentar aqui. Quero logo assinar a papelada.
- Tenho que ir a um cartório.
- Então vá. Fico aqui no seu Jornal... Ou melhor, nesse prédio. Vá logo antes que eu mude de ideia.
Depois de um pouco mais de uma hora, Tiago voltou.
- Aqui estão os papéis. – jogou no chão.
- Como você é mal educado. Não mudou nada. – disse ironicamente. – Você demorou.
- Fui à pé.
- E o seu carro?
- Vendi.
- Se você tivesse falado, eu te daria o dinheiro do táxi. Bom, agora vamos para o restaurante. – Tiago ficou desconfiado. – eu pago a conta.
Eles saíram. Entraram no carro.
- Finalmente o meu carro foi consertado. Com todos os problemas não tive tempo de trocar o pneu. Mas nesses últimos meses... – Tiago não demostrava interesse. – Ah! Esqueci. Tenho que passar no meu galpão.
Marlon voltou e foram para o galpão.
- Desce. Quero te mostrar uma coisa.
- Não quero vê nada. Tudo o que vem de você não é bom.
- Eu é que deveria dizer isso.
Curioso, ele desceu. Marlon trancou a porta do imóvel.
- Pode entrar, não tenha medo.
Tiago foi na frente. Atrás, Marlon golpeou a cabeça do rapaz. Ele caiu desmaiado. Marlon carregou-o até um pilar e amarrou. Depois de minutos, Marlon bateu no rosto do desmaiado.
- Acorda! O show vai começar.
Tiago acordou atordoado. Marlon subiu num caixote e falou:
- Senhoras e senhores, vamos começar mais um show. - Peço desculpas a todos que estão vendo esse espetáculo, porque o palhaço hoje está sendo o nosso convidado à participar das nossas atrações. Agora vamos ao grande número dessa noite. Cuspe a distância.
- Me tira daqui! – gritou Tiago.
- Não está gostando da apresentação? Anos atrás você era o apresentador e eu a vítima. Os papéis, agora se inverteram.
Marlon começou a escarrar na cara do Tiago. Não parava.
- Seus filho da... – não pode continuar. Caiu cuspe na boca.
- Com você, eu peguei leve. Você já está desgraçado.
- Seu merda.
Marlon soltou-o.
- Você me paga.
- Isso não vai acontecer.
- Claro que vai. Você na polícia.
- Se atreva a ir. Eu tenho dinheiro para ser solto. E depois te mato. Quer morrer? Então vai na delegacia, então! – disse cuspindo fogo. – Você já é um pobre lascado. Não queira me encarar de novo. Você já saiu perdendo uma vez. Não é otário pra perder de novo. Fuja com o dinheiro que ti paguei. Vá!
Tiago saiu correndo, assustado.





   
 


















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