terça-feira, 10 de novembro de 2015

Capítulo 10: Castelo de Cartas

CENA 01/INT./MANSÃO TRINDADE/QUARTO FERNANDA/DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
PLANO AMERICANO . Fernanda apontando o revólver para o advogado.
MARIA FERNANDA – Eu não tenho o dia todo, fala logo o que você escolhe.
ADVOGADO – Dona Maria Fernanda, nós não podemos ter uma conversa ou então/
MARIA FERNANDA(corta) Você tá me achando com cara de idiota? Eu não caio nesse papinho de conversa, não. Comigo é na lata, ou é ou não é.
ADVOGADO – Eu não posso fazer uma coisa dessa. É raro no Brasil, mas eu sou um advogado honesto!
MARIA FERNANDA – Você não entendeu, meu querido. Ou você forja o testamento do meu falecido pai ou você morre... e eu não tô brincando!
O advogado abre os braços.
ADVOGADO – Se é pra me matar, me mata logo. Eu prefiro morrer fazendo meu trabalho corretamente do que viver com esse peso nas costas.
MARIA FERNANDA – Ai, que certinho. Tenho horror a gente assim.
ADVOGADO – Menos conversa e mais ação. Se quer me matar, me mata logo. Viver no meio da corrupção nunca foi um objetivo de vida.
MARIA FERNANDA – Foi você quem pediu. Bye, bye!
Maria Fernanda puxa o gatilho. A arma está sem bala. O advogado começa a rir.
ADVOGADO – É dessa forma que você quer ser vilã dessa novela? Não prepara nem a munição.
MARIA FERNANDA – Me subestimar é um hobby seu, né? Mas fique sabendo que quem não tem cão, caça com gato. Maria Fernanda dá uma coronhada na cabeça do advogado, que cai desmaiado.
Corta para:

CENA 02/INT./CASA DE ROSICLER/SALA/DIA
Danilo cessa o beijo.
DANILO – O que foi isso?
NÍNIVE – Você não gostou, Danilo?
DANILO – Não, não é isso. Foi bom! É que eu não tava esperando.
NÍNIVE – Eu quero te falar uma coisa que eu nunca tive coragem de dizer.
DANILO – Fala.
NÍNIVE – Danilo, eu/
Társis entra.
TÁRSIS – Que porcaria tá acontecendo aqui?
Danilo e Nínive nervosos.
Corta para:

CENA 03/EXT./LIXÃO/DIA
Corte descontínuo da CENA 01.
Sonoplastia: (The Mass – ERA)
Um carro chega ao lixão. De lá, desce Maria Fernanda, que vai ao porta-mala e tira um saco preto de dentro. Ela abre o saco e a cabeça do advogado se revela. Maria Fernanda dá um tapa nele, que desperta.
MARIA FERNANDA – Pensei que a bela adormecida não ia acordar. A coronhada nem foi tão forte, vai.
ADVOGADO – Que lugar é esse? Pra onde você me trouxe, sua bandida? Eu vou te ferrar com a Justiça!
MARIA FERNANDA – Ai, mas que mania o povo brasileiro tem de falar de justiça. Justiça é uma coisa que não existe no Brasil, nem nunca vai existir. Corrupção, capitalismo, ganância, pecado... é isso que move o Brasil!
ADVOGADO – E você não vê que assim está ajudando a desonestidade a tomar conta do nosso país?
MARIA FERNANDA – Cada um tem que se virar do seu jeito pra sacudir a poeira e dar a volta por cima, não é mesmo? Pena que esse não é o seu caso. Quis ser certinho e babau, acabou aqui. Agora me diz: ser corrupto é bem mais legal, né?
ADVOGADO – Me tira desse saco agora! Você não pode me matar, Maria Fernanda!
MARIA FERNANDA – Eu posso tudo, meu querido. Pra dizer ‘não’ a Maria Fernanda Ramos Trindade é preciso muito feijão com arroz, querido. Agora chega de conversa, vamos partir para os finalmentes, sim?
Maria Fernanda arrasta o saco até um barranco.
ADVOGADO – Me larga! Socorro! Socorro!
MARIA FERNANDA – Grita, meu amor, grita bastante, até você esfolar sua garganta! É uma pena que não vai adiantar nada.
Maria Fernanda põe o saco com o advogado na beira do barranco.
ADVOGADO – Você não vai fazer isso!
MARIA FERNANDA – Eu vou sim. Te vejo no inferno!
Maria Fernanda empurra o saco e acena. Vemos o saco com o advogado caindo. Ouvimos seu último grito. Corte descontínuo. Maria Fernanda entra no carro e limpa as mãos.
MARIA FERNANDA – Menos um pra me atrapalhar. Ela dá a partida e o carro sai, levantando poeira.
(Music fase) Corta para:

CENA 04/INT./CASA DE ARTURO/SALA/DIA
Kátia Flávia está vestida com um sobretudo preto. Arturo entra.
ARTURO – Tá doente? 40 graus ali fora e você encasacada com isso.
KÁTIA FLÁVIA – Tô com frio, não pode mais?
ARTURO – Santa ignorância, hein? Olha, eu vou ali na farmácia comprar meu Sonrisal e já volto. Se comporte, viu?
KÁTIA FLÁVIA – Tá bom, tio. Pode ir, eu cuido de tudo. É, e a Nenê?
ARTURO – Nenê tá no shopping com o Presente de Grego. Não sei que horas ela volta. Agora eu tô indo. Juízo, hein?
Arturo sai. Kátia Flávia olha pela janela e sai logo depois.
Corta para:

CENA 05/EXT./MANSÃO TRINDADE/SALA/DIA
A campainha toca. Uma empregada atende. Kátia Flávia.
KÁTIA FLÁVIA(entrando) E aí, amiga. Como vai a vida?
EMPREGADA – Você não pode entrar assim, isso é/
KÁTIA FLÁVIA – (corta) O Lucas tá em casa, Lucinda?
EMPREGADA – Senhorita, meu nome é Raquel. Quanto a sua pergunta, isso não lhe diz respeito, já que não há mais nada entre vocês. Mas por educação, eu respondo: ele não está, mas vai chegar daqui a pouco.
KÁTIA FLÁVIA – Magnífico, Lucinda! Ah, e nós não somos ex-noivos. Nós estamos ex-noivos, porque agora a coisa vai mudar. Aprendi com a minha amiguinha Cassandra.
EMPREGADA – Com quem?
KÁTIA FLÁVIA – Deixa pra lá, fofa. Bye, bye .
Kátia Flávia sobe as escadas.
EMPREGADA – O que foi isso?
Corta para:

CENA 06/INT./MANSÃO TRINDADE/QUARTO LUCAS/DIA
Kátia Flávia entra e tira o sobretudo, revelando uma lingerie preta, com algumas partes transparentes. Do bolso do sobretudo, ela tira um chicote.
KÁTIA FLÁVIA – Luquinhas, Luquinhas... Você não vai resistir!
Kátia Flávia chicoteia o chão.
Corta para:

CENA 07/INT./CASA DE ROSICLER/SALA/DIA
Társis, Nínive e Danilo.
TÁRSIS – Eu tô esperando alguém me explicar essa palhaçada.
NÍNIVE – Társis, o que você tá fazendo aqui? A mamãe te colocou pra fora de casa!
TÁRSIS – Eu vim pegar o resto das minhas coisas, mas isso não vem ao caso. O que eu quero saber é se eu vi mesmo você se agarrando com esse neguinho.
NÍNIVE – Caso você não esteja cego, você viu certinho. Agora me diz: qual é o problema?
TÁRSIS – Agora todo dia é essa mesma conversa? Será que não entra na sua cabeça que branco não se mistura com preto? Será que só eu que penso nessa casa?
DANILO – (levanta) Eu já aguentei por muito tempo, Társis. Eu já fui humilhado, sofri calado, mas tudo tem um limite. Chega!
TÁRSIS – Quem te deu o direito de colocar o seu dedo na minha cara?
DANILO – Você tem razão. Você não merece um dedo na cara. Merece cinco!
Danilo dá um soco em Társis, que põe a mão na boca.
NÍNIVE – Danilo, por favor, para. Violência não leva a nada!
DANILO – Nínive, é melhor você sair. Isso é coisa de homem!
TÁRSIS – Homem é uma coisa que você não é e nunca vai ser. Filho da mãe!
Társis dá um soco em Danilo, cuja boca sangra.
NÍNIVE – (grita) Para! Danilo devida e Társis cai.
TÁRSIS – Você não passa de um bosta!
Danilo começa a socar Társis sem dó, sem parar.
Nínive desesperada.
DANILO – Quem é o bosta agora, hein? Quem é?
NÍNIVE – Danilo, por favor...
Társis levanta.
TÁRSIS – Pra mim chega!
Társis sai. Danilo se põe a chorar e Nínive o abraça.
DANILO – (chorando) Desculpa, Nínive. Desculpa!
NÍNIVE – Tudo bem, eu te entendo. O Társis é um pulha mesmo.
DANILO – Eu perdi a cabeça, me desculpa. Eu não queria fazer isso na sua frente.
NÍNIVE – Tá tudo bem, Danilo, já disse. Vem, eu vou cuidar desse machucado.
Os dois vão para a cozinha.
Corta para:

CENA 08/INT./SHOPPING/ESTACIONAMENTO/DIA
Sonoplastia: (Shake it off – Taylor Swift)
Nenê e Greg caminham até o carro dele. Eles entram.
NENÊ – Muito estranho, viu?
GREG – Do que você tá falando?
NENÊ – Aquela agonia em sair logo da praça de alimentação me deixou intrigada. O que você viu lá de tão assustador assim? É alguma coisa que eu não posso saber, Gregório?
GREG – (nervoso) O que é isso, Nenê? Você tá desconfiando de mim? Eu só queria comprar aquela camisa, juro pra você.
NENÊ – Interessante que você não comprou ela. Você está mentindo, Greg, eu te conheço.
GREG – Para de falar besteira, Nenê. Quer um beijinho? Olha o beijinho!
Greg dá um selinho em Nenê.
GREG – Aperta o cinto, meu amor. Os dois põem o cinto de segurança.
Greg dá a partida e bate em alguma coisa.
NENÊ – Greg, você atropelou uma pessoa!
GREG – Ai, meu Deus! O que eu fiz?
Greg sai do carro. Rosicler está deitada no chão.
ROSICLER – Ai, meu reumatismo. Ai, você não olha por onde anda?
GREG – Rosicler?
ROSICLER – Greg?
Os dois se olham. Nenê não entende nada.
Corta para:

CENA 09/INT./MANSÃO TRINDADE/SALA/DIA
Entra Maria Fernanda. A empregada corre até ela.
EMPREGADA - Dona Maria Fernanda...
MARIA FERNANDA - Agora não, Ramira. Não tô com cabeça pra ouvir nhenhenhém de empregada.
EMPREGADA - O meu nome é Raquel, senhora.
MARIA FERNANDA - Que seja. O jantar já tá pronto?
EMPREGADA - Eu tô terminando de fritar o frango. Mas eu quero/
MARIA FERNANDA - (corta) Você não quer nada, subalterna. Você é paga pra cozinhar, não pra querer. Passe muito bem.
Maria Fernanda sobe as escadas.
Corta para:

CENA 10/INT./MANSÃO TRINDADE/QUARTO LUCAS/DIA
Maria Fernanda abre a porta do quarto. Kátia Flávia começa a fazer um strip-tease.
KÁTIA FLÁVIA - Olá, tigrão. Que bom que você chegou! A tigresinha estava te esperando pra uma noite maravilhosa.
Kátia Flávia chicoteia o chão e ruge. Maria Fernanda liga a lâmpada.
MARIA FERNANDA - O que você tá fazendo aqui, sua quadrúpede?
Kátia Flávia envergonhada.
Corta para:

CENA 11/INT./CASA DE MADALENA/SALA/DIA
Madalena e Angélica sentadas no sofá, vendo TV. Angélica impaciente.
MADALENA - O que é, Angélica? A novela tá chata?
ANGÉLICA - Não é isso, tia Madá. Eu adoro Caminho das Índias. Mas eu quero logo visitar a mansão em que você trabalha.
MADALENA - Não, meu amor, lá só pode entrar quem a dona da casa convida.
ANGÉLICA - E quem é essa senhora chata? A presidenta do Brasil?
MADALENA - Comadre dela! Agora tira essa visita da sua cabeça, porque não vai acontecer. Bom, eu vou arrumar a sua cama, tá bom?
ANGÉLICA - Tá bom, tia.
Madalena sai e deixa sua bolsa no sofá. Angélica a pega e começa a revirar as coisas, até encontrar um cartão, onde se lê: "MANSÃO TRINDADE" e o endereço.
ANGÉLICA - O que será que o povo dessa mansão diria de uma penetra?
Angélica guarda o cartão no bolso e sai de casa.
Corta para:

CENA 12/INT./MANSÃO TRINDADE/SALA/DIA
A campainha toca. A empregada atende e Angélica passa por baixo, sem ser notada. A empregada fecha a porta. Angélica se esconde atrás da escada e sai quando a empregada entra na cozinha. Ela sobe as escadas.
Corta para:

CENA 13/INT./CASA DE MADALENA/SALA/DIA
Entra Madalena.
MADALENA - Pronto, Angélica. Sua cama já está feita, agora... (Percebe a ausência de Angélica) Angélica? Meu Deus do céu, cadê essa menina? Angélica?
Madalena sai procurando Angélica.
Corta para:

CENA 14/INT./MANSÃO TRINDADE/QUARTO LUCAS/DIA
Kátia Flávia envergonhada. Maria Fernanda de pé, em sua frente.
MARIA FERNANDA - Anda, eu tô esperando uma explicação. O que você tá fazendo seminua em cima da cama do meu filho?
KÁTIA FLÁVIA - Eu é que te pergunto, ex-sogrinha. O que você tá fazendo no quarto alheio?
MARIA FERNANDA - Ah, então eu tenho que dar satisfação do que eu faço na minha própria casa? Não tenho não. Agora sai daqui, circulando!
Maria Fernanda empurra Kátia Flávia da cama.
KÁTIA FLÁVIA - Ei, ei, ei! Segura a marimba aí, mon amour! Já tô dando o fora, não precisa empurrar.
ANGÉLICA (V.O.) - Olá!
Kátia e Fernanda se viram. Angélica parada, na porta.
MARIA FERNANDA - Quem é você e quem te deixou entrar?
Corta para:

CENA 15/INT./ESPAÇO DE EVENTOS/DIA
Sonoplastia: Pretty Girls - Britney Spears)
Acontece um desfile. Luzes coloridas e flashes dominam o cenário. Uma modelo sobe na passarela, vestindo uma blusa curta, de um ombro só, e short branco rasgado. Ela sai e Vitória entra, em um vestido colorido, bem justo. Da platéia, Lucas fotografa ela, entusiasmado.
LUCAS (grita) - Linda!
Vitória esboça uma expressão de dor. Lucas se preocupa. Vitória cai, desmaiada.
LUCAS - Vitória!


FIM DO CAPÍTULO

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