quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Capítulo 28: Escrúpulos

Marlon ficou mais tempo refletindo. Quando o relógio da Sé bateu, ele levantou-se abriu a porta e depois trancou-a. Arrancou com o seu carro. Em casa, Solange continuava aflita.
- Deve ser ele! – disse quando escutou um carro estacionando.
Marlon desceu do carro. Solange correu e foi abrir a porta.
- O que você fez com ele?
- Joguei aquele desgraçado no meio da rua. Tenho certeza que ele nunca irá voltar até aqui. – disse cabisbaixo.
- O que você fez com ele? – disse preocupada.
- Já disse! – gritou. – eu deixei ele largado no meio da rua. Agora vou tomar um banho. Estou precisando.
Marlon saiu em direção do banheiro. Despiu-se e abriu o chuveiro. A cada gota que ia tomando o seu ser, refletia sobre tudo. Terminou. Pegou a toalha e foi para a sala.
- Vamos dormir, amor?
- Não estou entendendo nada.
- O que você quer saber mais? – disse irritando-se.
Solange ficou pensativa e depois disse:
- Nada. Esquece. Vamos dormir.
Eles foram para o quarto. Cada um deitou no seu canto. Marlon ainda pensava em tudo que tinha ocorrido na sua vida. Solange estava desconfiada da explicação de Marlon. O sono apareceu e reinou naquele ambiente.
O sol nasceu e eles já estavam de pé. Tomaram banho e foram lanchar.
- Amor, hoje eu vou te levar num lugar...
- Qual? – perguntou com a boca cheia de pão.
- Vamos marcar o nosso casamento na igreja.
Solange esguichou o café que estava na sua boca.
- Não acredito amor! – disse aos gritos. – Ai! desculpa pelo café. Estou tão feliz. – deu um beijo na boca do amado.
- Então vamos comer pra nós irmos na igreja.
- Vamos. – Solange pagou torradas, geleia e suco de laranja.
Assim que acabaram, foram para a igreja. Chegando lá, tinha um mendigo na porta, com uma lata vazia na mão.
- Me dê uma esmola, meu filho.
Marlon tirou uma nota de cem reais e colocou dentro da lata.
- Que Deus ti dê em dobro.
Solange ajoelhou-se e fez o sinal da cruz. Eles foram entrando.
- Bom dia, meus filhos.
- Bom dia, padre. – disse Solange.
- Que bom te vê na casa de Deus.
- Pois é padre. Viemos aqui marcar o nosso casamento.
- Que boa notícia, filho.
- Sei qual é a boa notícia. É o dinheiro que esse velho vai ganhar. – pensou Marlon mentalmente.
- Vamos entrando. – convidou o padre.
Ele pegou a agenda.
- Qual será o dia do casamento?
- Daqui a dois meses. – disse Solange.
- Nesse caso, será dia dois de fevereiro.
- Isso mesmo. – disse Marlon.
- Qual o horário?
- Padre, estamos pensando em ser à noite. O que o senhor acha?
- Um excelente horário.
- Claro, casamento a noite é mais caro. – novamente pensou Marlon.
O padre marcou e eles foram saindo, quando os chamou.
- Meus filhos vêm à missa de hoje, não é?
- Vamos vim, padre. – Marlon cutucou Solange.
- Espere um momento. – ele saiu e rapidamente regressou. – peguem esse envelope. É pra vocês trazerem o que puderem para a santa. – apontou para o altar florido.
- Sei pra qual é a santa que você quer o meu dinheiro! – pensava. – Será que no céu, vendem roupas, alimentos, pagam aluguel, luz, água. Só pode ser essa explicação. – pensou ironicamente.
Eles saíram e foram para o trabalho. Chegando lá, eles cumprimentaram Fabrício e Mônica e foram direto para a sala.
- Quero ti disser, amor, que irei derrubar o prédio que era do Jornal Correspondência.
- Por que?
-Porque eu irei construir um hospital. Depois de tudo o que sofri e dos pecados que cometi, essa foi a forma que encontrei para tentar ajudar a nossa população.
- Você não sabe o orgulho que tenho de casar com um homem maravilhoso como você.
- Não sou tudo isso.
- Deixa de ser modesto, paixão. – beijou-o. – me conta mais sobre esse projeto  tão lindo.
Marlon começou a explanar as suas ideias.
 Esse desejo foi rapidamente construído. Depois de quarenta e cinco dias, o hospital estava pronto. Vários pedreiros trabalharam na obra. Inúmeros sacos de cimentos, tijolos e muita vontade, aquele edifício que iria beneficiar vários habitantes, estava pronto para a inauguração.
- Solange, a notícia já foi publicada?
- A da inauguração do Hospital? Sim.
- Quero que todos os habitantes venham para a inauguração.
- Esse hospital, foi boatos para muitas bocas. Desde quando souberam que você ia construir, eles ficam empolgados. Todos vão prestigiar a inauguração, pode ter certeza.
- Estou muito ansioso.
- Calma. Vai dá tudo certo. – disse colocando as mãos no ombro do amado.
O sol raiou novamente. A multidão estava formada em frente da fita inaugural. Solange e Marlon estava do outro lado da fita. Às dez horas, a cerimônia começou:
- Fico muito feliz, por vocês estarem presente nessa data tão importante para a nossa cidade. – discursou o prefeito. – Foi com muita honra que participei desse projeto solidário, por parte do senhor Marlon. Isso é uma prova do grande patriota, que nosso amigo aqui é. – apontou para Marlon. – E é com muita satisfação que passo a palavra para ele.
Todos aplaudiram. Crianças, jovens, adultos e idosos gritavam o seu nome. Acenou para todos. Espero que acalma-se e pegou o microfone.
- Obrigado pelas palavras, prefeito. Também agradeço a presença de todos vocês. Para mim esse dia é muito importante. Não tem preço que pague, a gratidão das pessoas e um ato de bondade. Ajudar o próximo é muito prazeroso. Espero que nós, nunca precisemos vim até esse hospital, afinal não queremos ficar doente. O que eu desejo pra nós, é que tenhamos muita saúde e força pra trabalhar.
Depois de mais algumas palavras do seu discurso, ele disse:
- É então que com muita honra, eu corto a fita de inauguração do hospital Marlon Alfonso. – disse cortando a fita.


















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