segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Episódio 1: Um bilhão de hits

Numa manhã comum de fevereiro, Juliana está indo para sua nova escola, depois de um conturbado ano em seu antigo colégio. Ao chegar na nova escola ela vai para a coordenação saber em que turma está.
- Bom dia. - diz Juliana. - Eu sou nova aqui e queria saber qual é minha turma.
- Qual o seu nome?  - Pergunta a coordenadora.
- Juliana. Juliana Mourão. 3° ano do ensino médio
- Certo! Deixe-me procurar. Aqui Juliana Mourão turma 3004. É no terceiro andar.
- Obrigada.
Juliana sai da coordenação e vai para a sala. Chegando lá ela vê várias pessoas de sua idade, sentadas em grupos, ela se sente deslocada e procura uma cadeira vazia e distante para se sentar. Ela acha.
Juliana se senta e coloca seus fones no ouvido, logo em seguida ela abaixa a cabeça e enfia seu rosto entre os braços para esperar a chegada da professora.
Depois de uns dois minutos com a cabeça baixa, Juliana sente que alguém está cutucando ela, é Júnior.
- Aluna nova? Prazer, Júnior Ferreira - ele estende sua mão para Juliana apertar, ela aperta. - E essa é minha amiga Carlany Rodrigues. - Diz ele apontando para Carlany.
- Prazer, Juliana.
- Bom Juliana, tenho uma péssima notícia para te dar...
- Qual?
- Então, essa turma é a mesma desde o primeiro ano, então se você não andar com a gente, provavelmente não vai fazer amigos nenhum aqui na sala com esse bando de nojentos...
Juliana Ri.
- Gostei de vocês, vou andar com vocês, podem deixar.
Júnior e Carlany pegam duas cadeiras e se sentam ao lado de Juliana.
Carol, a professora de educação física entra na sala.
- Bom dia turma, para quem não me conhece eu sou Carol a professora de educação física de vocês... - Carol é interrompida por dois alunos que estão parados na porta esperando permissão para entrarem. - Bom dia, vocês são dessa turma? Podem entrar...
René e Patrícia entram na sala. Juliana estranha os dois, estão vestindo preto, tem uma feição fechada.
- Devem ser góticos. - Solta Júnior.
- Ai nada a ver cara. - Responde Carlany dando um tapa em sua cabeça.
- Bom, vamos as apresentações, eu dei aula para vocês ano passado mas pelo que estou vendo aqui temos alunos novos, não é? Então vamos as apresentações, você primeiro. - Carol aponta para Juliana.
- Bom, meu nome é Juliana, tenho 17 anos e quero ser atriz ou cantora, ou os dois.
- Hm.… bom, bom, mudou de escola porquê?
- É.… problemas aí...
- Certo... você! - Aponta para Patrícia.
- Meu nome é Patrícia Siqueira, tenho 17 anos, não sei o que quero ser ainda - diz Patrícia com uma feição séria.
- Mudou de escola porquê?
- Mudança...
- E você era de onde?
- É... - René cutuca Patrícia com o ombro. - França! Vim da França...
- E fala um português fluente.
- Minha mãe, minha mãe é brasileira e me ensinou o português.
- Certo, certo. E você. - Carol olha para René que está sentado ao lado de Patrícia.
- Meu nome é René Siqueira, sou irmão da Patrícia, tenho 17 anos também...
- Ué, vocês são gêmeos?
- Sim.
- Tá, continue falando.
- Não sei o que quero ser ainda. Acho que só.
- E mudaram de escola porquê?
Patrícia e René ficam em silêncio.
- Hein, respondam! - Diz Carol.
- Que eu saiba. - Fala René. - Nós viemos para o colégio e não para uma coletiva de imprensa!
Carol engole a seco e se vira para o quadro e começa a copiar um texto.
Júnior vira para Juliana e Carlany e diz.
- Adoro esses alunos que desafiam os professores, dão um gás na aula.
- Verdade... - diz Juliana.
Durante o intervalo Júnior e Carlany vão para a cantina e Juliana sobe correndo na sala para pegar dinheiro. Antes de entrar ela ouve uma conversa de René com Patrícia.
- Você deu mole, quase contou de onde a gente veio para a professora, está maluca!? - Pergunta René.
- Eu não ia contar, só estava pensando numa boa resposta.
- E França foi a melhor coisa que você pensou? Você sabe que se descobrirem algo nunca seremos aceitos aqui!
- Eu sei desculpa.
Juliana entra na sala e René sai bufando.
Ela pega o dinheiro olhando para Patrícia que está mexendo no celular, ela ainda acha aquela garota muito estranha.
Juliana sai da sala e desce as escadas correndo, no último degrau ela esbarra em René.
Umas imagens surgem na cabeça de Juliana quando ela encosta nele. Ruas destruídas, carros pegando fogo. Ela volta para si e fica olhando assustada para René que também muda sua expressão.
Juliana corre para a cantina e René sobe as escadas correndo.
Juliana chega correndo e esbaforida na cantina.
- O que houve garota? - Pergunta Carlany.
- Sa... - Juliana está sem fôlego. - Sabe aquelas cenas de filme, que a mocinha toca no mocinho e eles veem o futuro?
- Sei...
- Então, acabou de acontecer comigo!
- Oi? Conta isso direito.
- Então, estava descendo a escada voando e esbarrei naquele menino estranho da nossa sala, o René, aí veio umas imagens na minha cabeça...
- De vocês dois juntos, se beijando na beira do mar?
- Não menina, muito pelo contrário, eram imagens de uma cidade destruída, um cenário de guerra sei lá.
- Ih amiga, lamento te informar, mas você está lendo distopias demais.
- É sério Carlany!
- Tão sério quanto o Júnior gostando de mulheres...
- Opa ouvi meu nome? - Surge Júnior atrás de Carlany com dois salgados em uma mão e duas latas de refrigerante em outra. - Toma aqui seu refri e seu salgado. - Ele entrega um salgado e um refrigerante para Carlany. - Então, sobre o que vocês estavam falando?
- Então amigo, a Ju doidinha teve uma visão do futuro quando tocou no estranho da nossa turma.
- Sério? Que nem aquelas cenas de filmes?
- É Júnior.
- Menina, vai para cima, ele é o homem da tua vida.
- Não foi nada disso, foi umas imagens de um cenário de alguma coisa assim.
- Normal vindo daquele garoto...
- Tá, agora me deixem ir para a fila que já tá bem grandinha. - Juliana entra na fila.
Jéssica surge na cantina com as mãos levantadas dizendo.
- Gente, gente hoje à noite, festinha na minha casa, e todos vocês estão convidados hein, TODOS!
Na sala, Patrícia nota que René está inquieto.
- O que houve maninho? - Pergunta ela.
- Uma garota aqui da sala...
- O quê que tem?
- A gente se esbarrou na escada e tivemos uma visão.
- QUE VISÃO!?
- Sobre aquilo.
- Sério René? É sério isso!?
- Eu já brinquei com esse assunto antes?
- Não...
- Então... O que devo fazer?
- Não sei, mas vamos pensar em algo.
Juliana, Júnior e Carlany estão sentados à mesa comendo e conversando.
- Vamos a essa festa da chati... digo Jéssica? - Pergunta Júnior.
- Sei lá, essa festa seria um ótimo lugar para eu descobrir as coisas desse René... - responde Juliana. - Mas ele não deve ir.
- Como sabe? - Pergunta Carlany.
- Olha, ele não faz muito o tipo de garotos que curtem festas, ainda mais numa segunda feira e além do mais ele não ouviu o convite da garota.
- Não ouviu, mas pode ficar sabendo ué. - Diz Júnior se levantando da cadeira. - Me esperem.
Júnior sobe a escada e dá de cara com René e Patrícia descendo.
- Opa! Era com vocês mesmo que eu queria falar.
- Conosco? - Pergunta Patrícia.
- Sim, então hoje à noite terá uma festinha na casa da nojenta... digo, Jéssica e ela convidou todos da turma, aliás todos da escola, então como vocês não ouviram o convite dela, me senti na obrigação de chamá-los. E aí querem ir?
- Obrigado por convidar, mas nã...
- Todos da escola? Todos mesmo? - Interrompe René.
- Sim... todos.
- Então nós vamos sim!
- Ótimo! Me passa o número do seu telefone sei lá, para dizer o endereço, horário essas coisas.
- Anota aí.
Juliana e Carlany estão saindo do banheiro quando veem Júnior vindo correndo pelo corredor.
- Então meninas, novidades. Eles vão a festa!! E eu ainda consegui o número do boy!
- Arrasou bicha! - Diz Carlany.
- Eu sei.
Chega a hora da festa. Júnior e Carlany estão esperando Juliana na porta da casa de Jéssica.
- Demorou em cinderela. - Diz Júnior.
- Não conheço muito essa parte do bairro.
- Tudo bem, vamos entrar logo que seu gatinho já chegou.
- Mas já? Nossa...
Juliana entra na casa e logo vê René, ele está de calça skinny preta, casaco cinza e uma touca verde musgo.
- Vou pegar um refri. - Diz Juliana para o grupo.
- Tudo bem vai lá. - Diz Carlany que parece ter sido a única a ouvi-la.
Juliana pega um copo de refrigerante e fica andando olhando por cima das pessoas para ver se acha Carlany ou Júnior, ela acaba esbarrando em René novamente e derruba seu refrigerante no casaco dele.
- Ai meu Deus desculpa! Você? Espera. - Juliana segura o braço de René na esperança de ter outra visão, mas nada acontece.
- Você sujou o meu casaco.
- Vem, vamos no banheiro resolver isso, eu sei como tira mancha de refrigerante.
- Não, refrigerante nem mancha, eu vou para casa, lá eu lavo o casaco.
- Se esse troço secar aí vai ficar manchado, deixa de ser teimoso garoto, vem logo!
Juliana puxa René pelo o braço e procura o banheiro mais próximo ela entra com ele no primeiro que vê.
- Tira o casaco. - Diz Juliana.
- O quê!?
- Anda logo, estou cansada de ver garotos sem camisa, tira logo esse casaco antes que esse refri seque.
René vira de costas para ela, tira o casaco e a entrega. Ela vê uma mancha preta, como se fosse uma tatuagem em sua cintura pelo espelho.
Juliana vira René de frente. Ele tenta esconder a mancha.
- Que tatuagem é essa? - Pergunta ela.
- Não é uma tatuagem, não é nada!
- É sim, deixa eu ver! - Juliana tira a mão de René da mancha.
- Não! - Ele se afasta dela.
- Sim! - Juliana toca na mancha.
As imagens que ela viu mais cedo voltam a aparecer em sua mente, ela tira a mão da macha e sente uma pontada de dor na barriga.

- Ai! - Ela olha para René. - O que é isso?

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